Nas tramas de Greta Garbo, quem diria, acabou no Irajá: crítica filológica e estudo de sexualidades

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Souza, Arivaldo Sacramento de
Orientador(a): Santos, Rosa Borges dos Santos
Banca de defesa: Queiroz, Rita de Cássia Ribeiro, Moreira, Marcello, Telles, Célia Marques, Souza, Risonete Batista
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Letras
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/27656
Resumo: Greta Garbo, quem diria, acabou no Irajá – texto de Fernando Mello que dramatiza uma relação homoerótica conturbada entre um enfermeiro idoso e um jovem desabrigado do interior do Rio de Janeiro – tem sido encenada desde a década de 1970 com grande repercussão no cenário artístico nacional brasileiro, inclusive, surpreendentemente, no contexto político sob o qual o Brasil viveu o regime de repressão ditatorial militar. A história de todo esse processo ficou documentada no Arquivo Nacional de Brasília, no Fundo Divisão de Censura de Diversões Públicas, e nos textos dos jornais de grande circulação, a partir dos quais podem ser recuperadas as tensões culturais e os discursos de repressão às expressões de sexualidades dissidentes. É exatamente por isso que, ao estudar essa tradição textual e a recepção do texto de Mello, podemos compreender o problema posto por esta pesquisa, qual seja: o estudo crítico-filológico dos scripts teatrais de Greta Garbo... que encenam as homossexualidades, observando as inter-relações entre o processo de transformação pela circulação social do texto com as ações, muitas vezes coercitivas e homofóbicas, de diferentes sujeitos que mediaram a liberação, veto ou corte de trechos da peça. Para isso, do ponto de vista teórico-metodológico, investimos, em diálogo com as teorias de desconstrução da metafísica tradicional, na renovação da práxis filológica no sentido de entendê-la como uma atuação crítica e investigativa das materialidades textuais, visando à leitura das pluralidades tanto das lições de cada script quanto das intervenções censórias que transformaram o texto. Assim, ao passo que compreendemos as formas de sociabilidades textuais da peça de Mello, experienciamos uma reflexão teórica sobre: (i) a atuação crítica do filólogo como intelectual humanista contemporâneo; (ii) a construção de edições e arquivos hipertextuais de orientação pragmática que escapam à gramática do cientificismo teleológico editorial; e (iii) a leitura filológica para resgate de memórias e de narrativas de sujeitos destituídos do discurso historiográfico oficial.