Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Rangel, Leonardo Coutinho de Carvalho |
Orientador(a): |
Bellini, Lígia |
Banca de defesa: |
Souza, Evergton Sales,
Silva, Cândido da Costa e,
Santos, Fabrício Lyrio |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em História
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/27994
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Resumo: |
Esta tese objetiva contribuir para o entendimento das complexidades relacionadas à santidade feminina, tanto na sua forma aprovada quanto na tida, pelas autoridades da Igreja, como simulada, no Portugal do século XVII. O trabalho se desenvolve em torno de estudos de caso, nomeadamente o de Mariana da Purificação (1623-1695), freira carmelita do Convento da Esperança de Beja, e os de Guiomar (~1601-1642+) e Maria Mazeda (~1615-1642+), terceiras franciscanas – todas acusadas de fingimento de santidade. As principais fontes empregadas foram a obra Fragmentos da prodigiosa vida da […] veneravel Madre Marianna da Purificaçam (1747) de Fr. Caetano do Vencimento; o processo inquisitorial de Mariana da Purificação (1668-1670), contendo os “cadernos” autógrafos da religiosa que serviram de base para os Fragmentos; e também os processos de Guiomar Mazeda e Maria Mazeda (ambos, 1641-1642). A maneira como se retratavam as veneráveis e as santas nas vitae seguia padrões que enquadravam trajetórias complexas como a de sóror Mariana em modelos preestabelecidos, visando atingir interesses específicos, incluindo os dos financiadores do livro. Para tanto, eliminavam-se e/ou reescreviam-se passagens possivelmente comprometedoras. Essas obras poderiam ainda ser uma forma de enquadramento dos manuscritos femininos, os quais, geralmente, serviam de base para a elaboração das vitae, a exemplo dos “cadernos” de Mariana. Estes foram retirados do seu contexto original e moldados conforme a visão das autoridades masculinas. Conquanto essa prática seja amplamente conhecida pelos especialistas, apenas em raros casos é possível ter acesso ao manuscrito em que se baseou a obra para observar as mudanças no discurso, bem como procurar entender as possíveis razões para as omissões e adições. A investigação evidencia que mesmo indivíduos inequivocamente considerados santos poderiam apresentar contradições e incoerências, próprias de todos os seres humanos, quando analisados sob a ótica de fontes cujo objetivo não era o de construir uma imagem laudatória, a exemplo da documentação inquisitorial. Verificou-se ainda que a simulação de santidade feminina poderia ser motivada ou causada pelas mais diversas razões, a exemplo de uma direção espiritual ineficiente; possíveis problemas psicológicos; bem como a situação de vulnerabilidade socioeconômica a que estavam expostas mulheres pobres e não-casadas. Isso leva a uma explicação menos simplista do que o mero desejo de fama, cuja importância pode ser superestimada se não se consideram outros fatores. |