O ofício dos profissionais do consultório de rua: um estudo sobre a Técnica, Tecnologia e Subjetividade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Queiroz, Daniele Carmo
Orientador(a): Silva, Marcus Vinicius de Oliveira
Banca de defesa: Santorum, Katia Maria Teixeira, Jesus, Mônica Lima de
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/23968
Resumo: O Consultório de Rua emerge da necessidade de ofertar alternativas para a assistência a uma população jovem usuária de substâncias psicoativas em condições de vulnerabilidade social e em situação de risco nos espaços de rua por uma equipe técnica multiprofissional. Nesse contexto, a equipe assume grande relevância, visto que as ações se desdobram a partir da produção humana, através da atuação técnica das profissionais nos campos de trabalho e do uso da sua subjetividade como recurso instrumentalizado. A presente dissertação buscou investigar o modus operandi das profissionais do Consultório de Rua, de modo a compreender a relação entre o arcabouço teórico, técnico e pessoal com o seu fazer. As bases teóricas desse estudo relacionam-se com duas dimensões especificamente identificadas nesse trabalho como as tecnologias do Consultório de Rua, a saber: o conceito de agente/ trabalhador da saúde e a proposição de Merhy quanto às tecnologias de cuidado. Além dessas, considerando a natureza complexa do estudo, os modelos teóricos norteadores e a inovação da atividade desenvolvida no Consultório de Rua, optou-se por uma abordagem do tipo qualitativa inspirada, sobretudo no que tange as análises, nas contribuições da Clínica da Atividade postulada por Yves Clot. Foram entrevistadas seis profissionais do Consultório de Rua do Centro de Estudos e Terapia de Abuso de Drogas (CETAD) de Salvador, sendo duas enfermeiras, três psicólogas e uma assistente social, as quais cada uma delas possuía mais de seis meses de inserção. Os resultados estão organizados de modo a responder ao problema e aos objetivos de pesquisa, especialmente os achados relacionados ao modus operandi das profissionais, bem como ao contexto de trabalho e seu desenvolvimento. Dentre os achados destaca-se a falta de prescrições formais, regras oficiais e tarefas pré-estabelecidas no trabalho do Consultório de Rua. O tema da rua aparece ao longo das entrevistas tanto no que se refere às condições de trabalho implicadas aí quanto, principalmente, às situações extremas que se encontram os usuários em situação de rua, o que confronta cotidianamente as profissionais por seu lado técnico e, sobretudo, pessoal, impactando no seu modo de operar nesse contexto. Sobre a abordagem na rua, percebe-se que cada profissional percorre caminhos diversos em decorrência das suas profissões de origem, trajetórias (pessoais e profissionais) e de suas características pessoais identificadas como intersubjetivas. As profissionais estabelecem relações diversas e diferentes entre si em cada território que atuam o que vai ser denominado nesse estudo de mapas afetivo-descritivos, evidenciando, dessa forma o modo como as profissionais circulam nos campos, no que se refere a sua abordagem, as suas predileções e afetos envolvidos. Os recursos tecnológicos utilizados pelas profissionais remetem principalmente as suas características intersubjetivas, as quais compreendem também uma dimensão técnica, evidenciando uma instrumentalização da subjetividade nesse contexto de trabalho.