Terra, território, quilombo: à luz do povoado de Matinha dos Pretos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Souza, Elane Bastos de
Orientador(a): Germani, Guiomar Inez
Banca de defesa: Oliveira, Gilca Garcia de, Reginaldo, Lucilene, Germani, Guiomar Inez
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia, Instituto de Geociências
Programa de Pós-Graduação: Programa de pós-graduação em Geografia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/19769
Resumo: A preocupação fundamental do presente trabalho é compreender, a partir do tripé terra– território-quilombo, o processo de formação do povoado de Matinha dos Pretos, situado no município de Feira de Santana, no Agreste Baiano. Essa Comunidade Negra e Rural vivenciou uma experiência de resistência à escravização, possibilitando o surgimento de um quilombo histórico, apresentando traços que ainda se mantém nos dias atuais. Partindo desse pressuposto, será analisado de que forma estas estratégias se desenvolveram ao longo do tempo, possibilitando a existência secular desta comunidade. Sabe-se, desde já, que nesse contexto de rebeldia dos escravizados se desencadearam alguns conflitos, que trouxeram implicações sócio-espaciais nas formas de luta e organização dos quilombolas matinhenses. Assim, através do levantamento de dados bibliográficos, cartográficos e documentais foi possível obter, acumular e aprofundar informações de cunho exploratório sobre a comunidade. Essa investigação se aprofundou com as visitas a campo, nas quais as entrevistas ajudaram a elucidar questões referentes ao modo de vida, conflitos, histórico, laços familiares sociabilidades, entre outros. Já os formulários permitiram identificar algumas características recentes do povo da Matinha, faixa etária, escolaridade, situação de moradia, tipo de propriedade de terra. Sobre este ultimo aspecto, observou-se que a comunidade é formada, em grande parte, por pequenos proprietários e posseiros e foi esta condição impulsionou as formas de enfrentamento e organização do povo da Matinha durante décadas, através do sindicato e da associação comunitária. A partir de constantes observações in locu foi possível visualizar as transformações ocorridas ao longo do tempo, e que se traduziram nos aspectos históricos, políticos, econômicos, sociais, culturais, em tal comunidade. Em termos da produção, o que se pode inferir é que a Matinha nos dias atuais, configura-se enquanto uma comunidade em que a atividade predominante é a agricultura policultora, onde o cultivo de milho, feijão e mandioca se destaca, e parte considerável dessa produção é comercializada em Feira de Santana. Porém, essa atividade produtiva deixou de ser mais lucrativa para estas(es) trabalhadoras(es), levando muitos destes trabalhadores a exercerem atividades urbanas, o que tem fortalecido as relações campo-cidade. No entanto, mesmo exercendo outras funções, estes trabalhadores continuam tendo na terra um elemento essencial para a garantia de sua sobrevivência e base para sua reprodução enquanto grupo.