Assombro: corpo que dança em suas travessias tumultuadas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Silva Junior, Ireno Gomes da lattes
Orientador(a): Machado, Adriana Bittencourt
Banca de defesa: Machado, Adriana Bittencourt, Moura, Gilsamara, Setenta, Jussara Sobreira, Silva, Márcia Virgínia Mignac da, Cardoso, Thereza Cristina Rocha
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Dança (PPGDANCA)
Departamento: Escola de Dança
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/41304
Resumo: Esta pesquisa tece relações entre dança e gênero subsidiadas por proposições que envolvem o assombro, a turbulência, as travessias tumultuadas, articuladas aos trabalhos coreográficos: Valentar, Corre Bixa Corre, Guiança e Devorar, por constituírem-se em uma retroalimentação entre o fazer artístico e a pesquisa acadêmica. Os assombros são tratados como impregnações no corpo, de experiências próprias ou de experiências de outros corpos, assim como pelas ocorrências de eventos vinculados às memórias do corpo. Ao trazer a binaridade como norma que não atende a todos os corpos, discute-se a ambiguidade como o lugar do indefinido, do corpo expressar-se em estado de transitoriedade, já que não coaduna com ideias fixas de si, o que resvala em uma travessia tumultuada contínua. O corpo dança os assombros em consonância à sua provisoriedade, porque está sempre por fazer-se, e assim se expressa no ato de dançar. O assombro, como cerne da pesquisa, afasta-se da ideia de paralisação e torna-se ignição para dançar, enfrentando as violências sofridas por corpos subalternizados e considerados abjetos. Propõe-se enfrentar os assombros, entendendo-os como materialidade que constitui e compõe o corpo no ato de dançar. Sua dança é também o seu discurso político de existência, já que pronuncia não só a visibilidade de sua materialidade transitória, mas também instaura estranhamentos. Tal enfrentamento faz-se com valentia, sendo essa a condição para continuar existindo. O gênero, em sua definição hermética, bem como os assombros correlatos que surgem na insistência em enquadrar e imprimir modos padronizados, são indiciados, mas refutados. A dança agita as concretudes, as turbulências, os assombros, atestando sua maleabilidade e uma feitura constante do corpo. Corpos fora da norma que dançam a confrontarem as certezas regulatórias impostas sob suas carnes. A inadequação, regida pelo sistema de normas, promove a turbulência nos corpos e ativa outros contornos. Esta pesquisa se constrói de forma aberta ao encontro dos argumentos escritos e dançados, que problematizam corpos que são assediados e vulnerabilizados. Os verbos de ação: valentar, correr, guiar e devorar são condições da existência de corpos bixas, porque essa pesquisa não caminha sozinha, mas com um coletivo que sofre violências correlatas. Na dança, as ações verbais configuram-se como ato político, expondo na carne outro tipo de materialidade corpórea pelo/em movimento. No enfrentamento dos assombros da vida ordinária, as travessias são turbulentas. A bixa segue, corre e faz-se dança: insiste para não morrer e recusa não se assombrar.