Educação matemática, jogos de linguagem e conflitos discursivos na formação de educadores/as do campo.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Silva Filho, Analdino Pinheiro
Orientador(a): Barzano, Marco Antonio Leandro
Banca de defesa: Almeida, Rosiléia Oliveira de, Cavalcante, Ludmila Oliveira Holanda, Cunha, Marlécio Maknamara da Silva, Lima, Iranete Maria da Silva, Barzano, Marco Antonio Leandro
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Universidade Estadual de Feira de Santana
Programa de Pós-Graduação: em Ensino, Filosofia e História das Ciências (PPGEFHC)
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/33331
Resumo: Esta tese apresenta resultados de uma pesquisa que teve como objetivo compreender como professores/as e licenciandos/as lidam com os conflitos discursivos nos jogos de linguagem mobilizados na formação de educadores/as do campo, na área de Matemática. Argumenta-se que os conflitos discursivos emergem como expressão das relações de poder-saber de discursos matemáticos e de educação matemática que atravessam professores/as e licenciandos/as na prática pedagógica. Tais conflitos, à medida que emergem nas redes de poder-saber, repercutem no modo como professores/as e licenciandos/as atuam no processo de produção do conhecimento matemático no contexto acadêmico. Para sustentar essa argumentação, foram utilizadas como ferramentas teóricas as contribuições filosóficas advindas do pensamento de Ludwig Wittgenstein, especialmente suas noções de forma de vida, jogos de linguagem e semelhanças de família; e, também, da filosofia de Michel Foucault, principalmente seus conceitos de discurso, poder e saber. A investigação é de abordagem qualitativa do tipo compreensiva e a produção de dados ocorreu em um curso de Licenciatura em Educação do Campo, em uma universidade pública no interior da Bahia. Participaram do estudo três professores/as que lecionam matemática no curso e 30 licenciandos/as provenientes de três turmas. O material de pesquisa foi produzido através de observações das aulas de matemática, entrevistas feitas com licenciandos/as e professores/as, além da análise de documentos. O exame do material de pesquisa desenvolveu-se em três etapas: na primeira etapa, foram analisados os discursos matemáticos e de educação matemática que instituem práticas que desencadeiam conflitos discursivos, sendo identificados o discurso da matemática moderna, o discurso da linguagem simbólica na matemática, o discurso da álgebra na matemática, o discurso da matemática euclidiana, o discurso da geometria aplicada no espaço físico, o discurso da matemática aplicada à realidade do estudante, o discurso da etnomatemática, dentre outros. Na segunda etapa, a análise centrou-se na identificação e caracterização dos tipos de conflitos, sendo possível identificar cinco tipos: conflito de conceito, conflito de palavra, conflito de símbolo, conflito de procedimento e conflito de justificativa matemática. Na terceira etapa, o escopo analítico foram os modos como professores/as e licenciandos/as lidam com tais conflitos, onde foi constatado que os/as professores lidam colocando em exercício discursos matemáticos e pedagógicos que atuam ordenando diferenças, padronizando os jogos de linguagem e disponibilizando modos específicos de pensar e operar a matemática; ao passo que os/as estudantes, às vezes, assujeitam-se e, às vezes, resistem a tais discursos, desestabilizando as redes de poder-saber e levando os/as professores/as a repensarem sua prática. Por fim, a tese alerta a área da educação matemática para a necessidade de olhar para os conflitos discursivos em termos de sua positividade, em que destaca-se a importância dos/as professores/as de matemática e, também, de outras áreas de conhecimento, estarem sensíveis às trajetórias diferenciadas de conhecimentos presentes na vida dos/as licenciandos/as, bem como reconhecer a importância desses saberes para o processo de produção do conhecimento científico, assumindo uma postura em uma perspectiva dialógica.