Histórias de leitura, trajetórias de vida: um olhar reflexivo sobre memórias leitoras quilombolas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Coutinho, Ilmara Valois Bacelar Figueiredo
Orientador(a): Muniz, Dinéa Maria Sobral, Freitas, Joseania Miranda
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/11076
Resumo: Este trabalho é resultado da análise de histórias leitoras quilombolas narradas por moradores e moradoras de Coqueiros, uma pequena comunidade remanescente de quilombo situada na região de Mirangaba, Bahia, e tem por objetivo problematizar as intrincadas relações existentes entre leitura, memória e formação de identidades. Trata-se de um estudo de cunho etnográfico, desenvolvido na interface da Fenomenologia, da Etnopesquisa crítica e da História oral, tendo nas entrevistas denominadas trajetórias de vida, instrumento privilegiado para a construção dos dados empíricos, que foram analisados a partir dos pressupostos da Análise de discurso. Os gestos de leituras tecidos para a realização da pesquisa e escrita desta dissertação foram concretizados no sentido de ler o quilombo, em sua historicidade e contemporaneidade; ler a leitura, em seus determinantes teóricos, principalmente no que tange aos aspectos sociais, culturais e políticos constitutivos; e ler a leitura do quilombo de Coqueiros, buscando significar essa ação impreterivelmente ligada às práticas de apoderamento da escrita em uma comunidade onde a prevalência do oral é marcante para os processos de construção dos conhecimentos e das identidades. Os resultados mostram que os Coqueirenses estão lendo e ressignificando a própria realidade ancestral, a partir das novas demandas patrocinadas pelo advento do autorreconhecimento, o que tem concretizado um movimento de valorização da ancestralidade africana, gerando autoestima positiva para os seus moradores e moradoras. As identidades estão sendo gestadas no “entre-lugar” (BHABHA, 2007) potencializador de novas representações, o que permitiu caracterizar o quilombo como “lugar aprendente” que precisa ser reconhecido também como “lugar ensinante”. Enquanto comunidade caracterizada pela hibridez das itinerâncias diaspóricas desenvolvidas historicamente, inclusive no que tange aos processos de letramento, Coqueiros aponta para a necessidade de uma formação leitora capaz de ultrapassar determinantes grafocêntricos preconceituosos e excludentes ainda presentes na educação brasileira.