Controle parental em contextos afetados pelo adoecimento de crianças com fibrose cística

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Santos, Catiele Paixão dos
Orientador(a): Alvarenga, Patrícia
Banca de defesa: Alvarenga, Patrícia, Castro, Elisa Kem de, Barros, Luisa, Enumo, Sônia Regina Florim, Ferreira, Tiago Alfredo da Silva
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Psicologia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/31875
Resumo: A fibrose cística é uma doença crônica genética, potencialmente letal, que compromete o funcionamento de órgãos dos sistemas respiratório e gastrointestinal. O diagnóstico da fibrose cística tende a ser realizado ainda na infância e afeta os principais cuidadores provocando alterações na sua rotina diária e, em muitos casos, prejuízos à saúde mental e à interação com a criança. Mães de crianças com fibrose cística tendem a apresentar importantes sintomas de depressão e prejuízos na qualidade da interação com a criança. A presente tese teve o objetivo geral de avaliar as relações entre contextos da vida de crianças com fibrose cística e as estratégias de controle materno, e possíveis efeitos benéficos do treino em habilidades para resolução de problemas sobre a saúde mental e o controle materno (suporte apropriado, controle crítico ou superproteção). Para tanto foram realizados dois estudos complementares que são apresentados em dois artigos. O Artigo 1 teve o objetivo de descrever as estratégias controle parental em diferentes contextos da vida de crianças com fibrose cística (rotina diária e interação com pares). Participaram deste estudo 14 mães e dois pais de crianças com fibrose cística que tinham entre cinco e 12 anos de idade (M = 7.00; DP = 2.25). Os instrumentos utilizados foram uma Ficha de Dados Sociodemográficos, uma Ficha de Clínicas da Criança, a Entrevista sobre Práticas Educativas Parentais e a Entrevista Estruturada sobre Práticas Educativas Parentais e Socialização Infantil. Os dados foram avaliados através de análises de estatística descritiva. Os resultados indicaram que o suporte apropriado foi mais frequente nos dois contextos avaliados, 83.9% na rotina diária e 44.37% na interação com pares. Na rotina diária, os relatos de controle crítico foram pouco frequentes (15.68%), especialmente em situações relacionadas ao tratamento da doença. Na interação com pares os relatos de superproteção foram mais frequentes (38.48%) do que os de controle crítico (17.15%). Os achados deste estudo permitem concluir que pais de crianças com fibrose cística podem ser mais flexíveis e responsivos às dificuldades das crianças associadas ao tratamento do que a outros tipos comportamentos problemáticos na rotina diária, enquanto os problemas nas interações com pares tendem a evocar estratégias de superproteção. O Artigo 2 avaliou os efeitos de uma intervenção com treinamento de habilidades de resolução de problemas para mães de crianças com fibrose cística sobre a saúde mental e as estratégias de controle materno. As participantes deste estudo foram duas mães de crianças com fibrose cística que haviam participado do estudo anterior. Este foi um estudo de delineamento experimental de caso único AB. Além da Ficha de Informações Sociodemográficas e da Ficha de Informações Clínicas da Criança, foram usados o Inventário Beck de Depressão II, para avaliação dos sintomas de depressão, e a Entrevista sobre Práticas Educativas Parentais, para acessar as estratégias de controle materno. As avaliações pré e pós-teste foram realizadas em domicílio e as oito sessões semanais de intervenção foram implementadas em um ambulatório multiprofissional de fibrose cística. Os resultados revelaram redução dos sintomas de depressão materna nos dois casos. Em apenas um dos casos houve um pequeno aumento de estratégias de suporte apropriado e uma modesta redução de estratégias de superproteção. Intervenções baseadas no treino de habilidades de resolução de problemas podem contribuir para a redução de sintomas de depressão em mães de crianças com fibrose cística, mas são insuficientes para modificar estratégias de controle materno.