A formação (des)continuada no pacto pelo ensino médio: sujeitos, discursos, saberes e poderes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Costa, Glaucia Rejane da
Orientador(a): Souza, Iracema Luiza de
Banca de defesa: Paim, Marcela Moura, Machado, Rosa Helena Blanco, Santana, Erivelton, Madureira, André Ruiz
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Letras
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/31524
Resumo: A presente tese apoia-se nos pressupostos teóricos da Análise de Discurso Francesa (AD) e em seus procedimentos metodológicos. Nela temos como objeto de estudo o programa de formação continuada, proposto no Pacto pelo fortalecimento do Ensino Médio. Investigar como se constitui o sujeito-professor nele inscrito e as suas formações imaginárias sobre o programa constituem o objetivo principal dessa pesquisa. Ademais, interessa-nos verificar se tal processo formativo favorece a proletarização do professor e em que medida o faz. Para a sua fundamentação teórica, tomamos como referência, entre outras de igual importância, obras de Coracini (2003, 2008), Eckert-Hoff (2002, 2008), Foucault (1988, 1995, 2003), Orlandi (2001,2006) e Pêcheux (1975, 1988). A relevância deste estudo se explica por diferentes motivos. Entre eles o de dar voz aos professores sobre tal processo formativo, vinculado à Reforma do Ensino Médio. Para tanto consideramos as vinculações ideológicas do programa, destacando os saberes e poderes pelos quais ele é atravessado. A discussão sobre a formação docente na perspectiva da heterogeneidade também confere importância a esta pesquisa. Dela participaram 32 professores e 126 alunos do Ensino Médio da Rede Estadual, em Juazeiro-Bahia. Como instrumentos de coleta, foram utilizados questionários e entrevistas semiestruturadas. Foram também analisados documentos e recursos pedagógicos do programa, assim como recortes de pronunciamento do Ex-Ministro da Educação, Mendonça Filho. Com a análise do discurso dos sujeitos-professores, verificou-se, predominantemente, o efeito de sentido de resistência ao programa. A resistência é explicada pelo uso dos horários destinados ao estudo e planejamento das aulas, para os encontros de formação. Assim, a tomada de posição desses sujeitos é a de contraposição, marcada pelo questionamento e a divergência. Ao assumi-la, constituem-se, então, maus-sujeitos, conforme classificação Pecheutiana. Na comparação entre os dizeres enunciados pelos professores-orientadores e os professores-cursistas, verificamos a predominância de divergência entre os discursos de seus sujeitos. Os primeiros enunciam a partir da FD da Abordagem reflexiva, na medida em que reconhecem como função dos processos formativos a sistematização do pensamento do professor. Portanto, constituem-se como bons-sujeitos, identificados com a FD das instâncias formadoras. Dessa maneira reforçam e legitimam a domesticação dos professores e uma suposta homogeneização do seu saber/fazer. Já os sujeitos dos discursos dos professores-cursistas apresentam uma valoração negativa do programa, no tocante à forma imperativa como foi implementado, sem uma prévia escuta dos docentes e a sua descontinuidade. No discurso da instância formadora, o MEC, foi verificada a imagem do 7 professor como um profissional desprovido dos saberes necessários a um ensino eficiente e transformador. Em decorrência dessa imagem, esse sujeito discursivo, que enuncia do lugar de poder, também o faz a partir da FD do modelo de formação docente, instituído na década de 1960. Ela é marcada pela desarticulação e hierarquização, redutora da atuação do professor a um técnico, centrada na transmissão de conhecimentos previamente estabelecidos. Em sua fase final, apresentamos pressupostos teóricos e condições, a partir dos quais é possível implementar uma proposta de formação docente continuada, na perspectiva da heterogeneidade do sujeito.