Lar, doce lar? Experiências e possibilidades na promoção de saúde mental de telesservidores públicos de instituições federais de ensino em teletrabalho

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Oliveira, Péricles Nóbrega de lattes
Orientador(a): Rowe, Diva Ester Okazaki lattes
Banca de defesa: Rowe, Diva Ester Okazaki lattes, Moscon, Daniela Campos Bahia lattes, Magalhães, Mauro de Oliveira lattes, Ferreira, Jesuína Maria Pereira lattes, Gondim, Sonia Maria Guedes lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Núcleo de Pós-Graduação em Administração (NPGA)
Departamento: Escola de Administração
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/41491
Resumo: Administração Pública, especialmente em decorrência da pandemia de Covid-19, passou a adotar oficialmente o teletrabalho, como um de seus modos de trabalho, a partir do Programa de Gestão e Desempenho (PGD). Com o processo de implementação, para a continuidade da prestação de serviços, os servidores públicos passaram a ter espaços que antes eram dedicados à família, sendo utilizados para o trabalho. Tal situação, de alguma maneira, pode ter alterado a atividade em si e, especialmente, a saúde mental de telesservidores. Assim, o objetivo da presente tese é investigar os possíveis efeitos do teletrabalho na saúde mental dos servidores públicos, identificando e explorando as políticas e práticas de gestão que sejam mais eficazes na promoção de saúde mental e qualidade de vida de teletrabalhadores. No sentido de melhor compreender esse fenômeno, foi adotado o conceito mais amplo de teletrabalho, que indica ser uma atividade que pode ser realizada em qualquer lugar, fora do ambiente de trabalho, utilizando recursos telemáticos. Diante da profusão de estudos sobre a temática, em decorrência da ampla implementação nas organizações, especialmente pela Administração Pública, estudos divergiam quanto ao impacto do teletrabalho na saúde mental dos teletrabalhadores, de forma que alguns indicavam que há um prejuízo, enquanto que outros apresentaram ganhos de qualidade vida no trabalho e maior eficiência. Nesse sentido, foi verificada uma lacuna na literatura sobre o teletrabalho, que a presente tese visa suprir. Para tanto, foram realizados três estudos, com o intuito de alcançar cada um dos objetivos específicos da tese, utilizando diferentes abordagens. Assim, no Estudo 1 foi feita uma revisão de escopo, com a adoção das diretrizes PRISMA 2020 em sua versão ScR, com objetivo de identificar, mapear e sintetizar os estudos existentes sobre o impacto do teletrabalho na saúde mental dos servidores públicos, sendo verificado que o teletrabalho requer uma articulação adequada com a relação trabalho-família, controle da carga de trabalho, redesenho do trabalho, autonomia e estrutura física e pessoal para que ocorra a percepção de uma atividade saudável. O Estudo 2, por sua vez, teve como objetivo analisar os afastamentos em decorrência de Transtornos Mentais Comuns (TMC) entre servidores de Instituições Federais de Ensino (IFE), anteriormente e no cenário de pandemia, onde foi observado que, diante da análise de dados estatísticos, é possível apontar para o fato de que o teletrabalho no serviço público contribui na promoção de saúde mental. O Estudo 3, com o objetivo de analisar as experiências dos teletrabalhadores (sentimentos, benefícios, mudanças na concepção do trabalho), em uma das primeiras instituições federais de ensino (IFE) a implantar oficialmente o teletrabalho. Para tanto, foi utilizada a técnica de Grupo Focal On-Line para a coleta de dados e a Categorial Temática para análise. Os resultados foram apresentados a partir de recursos gráficos, como matriz de acesso ao nível de consenso e dissenso e matriz de documentação de informações proxêmicas e paralinguísticas, identificando estratégias que podem tornar o teletrabalho como uma modalidade de trabalho promotora de saúde mental e mais eficaz, além de apontar sentimentos que podem contribuir para um trabalho mais eficiente. Além disso, foram apresentados quatro tipos de Redesenho do Trabalho (amplo; no uso de novas tecnologias; de ajustes pessoais e procedimentais; não necessário). Adicionalmente, também foram discernidos sentimentos quanto ao teletrabalho, se destacando a assertividade, a gratidão, a interjeição emocional, a alegria e a satisfação. Os resultados dos estudos indicam que há um interesse por temas como ansiedade e depressão relacionados ao teletrabalho na Administração Pública, mas que ainda existem poucos estudos nessa área. Além disso, que esse modo de trabalho pode ser considerado como emancipatório, pois contribui na promoção de saúde dos telesservidores, a partir do redesenho do trabalho. Vantagens, desvantagens, estratégias para o desenvolvimento do teletrabalho e tipos de redesenho do trabalho também foram identificados. Como contribuição, a tese apresenta diversas possibilidades, seja no campo teórico ou no prático gerencial, como reconhecer que o teletrabalho pode se apresentar como um promotor de saúde mental, tendo o redesenho do trabalho como um mediador da relação entre a atividade e o telesservidor. Como contribuição prática e gerencial, foram identificados modelos de atuação e de estudos que contribuem na implementação do teletrabalho na Administração Pública, promovendo saúde mental, oferecendo maior eficiência, ao reduzir o afastamento do trabalho para tratamento por transtornos mentais comuns. Finalmente, o teletrabalho no contexto da administração pública pode contribuir para a qualidade de vida do servidor ao se atuar na gestão de maneira a minimizar os riscos ao equilíbrio das esferas família e trabalho e fortalecer características de trabalho que preservem a autonomia e a satisfação no trabalho.