Biodiversidade: narrativas, diálogos e entrelaçamento de saberes da comunidade/escola em um território quilombola do Semiárido Baiano

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Melo, André Carneiro
Orientador(a): Barzano, Marco Antônio Leandro
Banca de defesa: Macêdo, Dinalva de Jesus Santana, Sanchéz, Celso, Pinheiro, Bárbara Carine Soares, Sepúlveda, Cláudia de Alencar Serra e
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Física
Programa de Pós-Graduação: em Ensino, Filosofia e História das Ciências
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/29825
Resumo: O principal objetivo desta tese é identificar e valorizar outros modos de pensar e estar no mundo, que leve em consideração o espaço de possibilidades que dinamizam a ligação dos seres humanos em processos simbióticos com a biodiversidade, assinalando o significado e as formas que o ensino de ciências/biologia pode assumir no contexto da singularidade territorial quilombola de Barreiros de Itaguaçu/BA. O desafio proposto na presente tese se fundamenta também na articulação entre a educação quilombola e o ensino de ciências/biologia e, para isso, considera-se a necessidade de se pensar a educação quilombola com base nos contextos de uso de território, na apropriação da natureza, na etnicidade, nos saberes da biodiversidade e da memória biocultural presentes nas narrativas dos sujeitos, pois esses elementos constituem na vivência cotidiana daqueles que habitam as comunidades quilombolas e devem ser articulados ao ensino de ciências no intuito de construir metodologias que proporcionem aprendizagens tendo como ponto de partida o diálogo entre saberes. Essas relações vão além daquelas que o saber formal, com suas dicotomias e sua necessidade de ordem, percebe e aceita como existente. A pesquisa de campo utilizou-se de entrevistas semiestruturadas, observações participantes, análises de documentos, rodas de conversa, registros fotográficos e anotações em diário de campo. Articulo uma perspectiva de investigação decolonial e vislumbro a possibilidade de entender a biodiversidade somada a uma produção cultural regional dos territórios, valorizando a cultura material e imaterial das comunidades locais e demostrando que a biodiversidade não é apenas um produto da natureza, mas é também produto da ação das sociedades e culturas humanas, em particular, das sociedades tradicionais. É a partir desse quadro analítico que sustento nesta tese que a biodiversidade pertence tanto ao domínio natural quanto cultural e considero importante chamar a atenção aqui que é esse universo biocultural, enquanto conhecimento, que permite às comunidades pertencentes aos territórios quilombolas entendê-la, representá-la mentalmente, manuseá-la. As diversas narrativas apresentadas pelos sujeitos refletem a relação estabelecida entre a cultura e a biodiversidade local, revelando assim que a memória biocultural de Barreiros de Itaguaçu guarda informações valiosas para a compreensão da natureza local, ressaltando a importância de um compromisso com a preservação destes saberes ancestrais, que fazem parte do patrimônio imaterial dessa comunidade e contribui para construção de suas identidades culturais. Essas relações com a biodiversidade estão imbricadas em saberes e fazeres desenvolvidos a partir de uma vivencia com o território, que vai do simbólico ao concreto e atravessam todas essas interações complexas, sejam relacionadas à saúde, cultura, prática produtiva, religião, resistência, enfim, à própria sobrevivência desses grupos populacionais.