Políticas linguísticas em Angola: o silenciamento da língua umbundu e da identidade cultural dos ovimbundos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Sacalembe, Júlio Epalanga lattes
Orientador(a): Souza, Pedro Daniel dos Santos
Banca de defesa: Balsalobre, Sabrina Rodrigues Garcia, Santos, Gredson dos, Souza, Pedro Daniel dos Santos
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura (PPGLINC) 
Departamento: Instituto de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/39572
Resumo: A presente dissertação propõe analisar as políticas linguísticas implementadas em Angola que fomentaram o silenciamento da língua umbundo e da identidade cultural dos ovimbundos, iniciado pelos colonizadores lusitanos e continuado pelas autoridades angolanas no pós-independência. Essa pesquisa tem como objeto de estudo os ovimbundos, juntamente com a sua cultura e língua. Sendo assim, realizou se um levantamento da realidade sociolinguística de Angola anterior à presença da colonização de expressão portuguesa, com enfoque nas características culturais e linguísticas dos primeiros povos a se instalarem no território de Angola, os Khoisan e os Vatwa; também apresentaram-se as características da organização social, étnica, cultural e linguísticas da população angolana de matriz bantu, o que permitiu inferir que Angola, antes da colonização lusitana, era um país cimentado pelo modelo multicultural, multiétnico e multilinguístico. Sendo assim, tornou-se imperioso discorrer sobre a conjuntura linguística e cultural de Angola durante a presença da colonização portuguesa. O processo de colonização causou rupturas no tabuleiro linguístico e no plano cultural dos angolanos e das angolanas. Sabidamente, os colonizadores de expressão portuguesa usaram a política do estatuto do indigenato e a política assimilacionista como ferramentas, cuja a finalidade centrou-se em hegemonizar a língua portuguesa e desvalorizar as diferentes línguas angolanas. A par dessas questões, o presente trabalho se enquadra no campo das políticas linguísticas, nos termos de Calvet (2007), Rajagopalan (2013), Silva (2013), Spolsky (2016), Severo (2013), entre outros. O presente trabalho teve como objetivo principal discutir as políticas linguísticas implementadas em Angola que fomentaram o silenciamento das línguas nacionais e, em particular, da língua e da cultura dos ovimbundos, a partir da análise das políticas linguísticas implementadas no período da colonização portuguesa e no pós-independência de Angola, materializadas nos documentos oficiais. Para alcançar os objetivos da pesquisa adotou-se uma diversidade de percursos metodológicos, como a análise de conteúdo e a pesquisa documental e bibliográfica. Concluiu-se que as políticas linguísticas, os parâmetros ideológicos do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), o projeto um só povo uma só nação, a educação escolar implementada no território angolano teria provocado, contribuído e motivado a tentativa da desvalorização da diversidade linguística e cultural nos contextos escolares e fora dela, colocando assim, a língua umbundo e as práticas culturais dos ovimbundos num lugar inferiorizado e marginalizado.