Elaborações musicais Fulni-ô em trânsito

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Nascimento, Romério Humberto Zeferino do lattes
Orientador(a): Carvalho, Maria Rosário Gonçalves de lattes
Banca de defesa: Carvalho, Maria Rosário Gonçalves de, Reesink, Edwin Boudewijn, Tugny, Rosângela Pereira de, Pereira, Felipe Milanez, Lühning, Angela Elisabeth
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais (PPGCS) 
Departamento: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH)
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/40276
Resumo: Esta tese investiga os aspectos da resiliência Fulni-ô, cujas práticas sonoro-musicais estão intimamente interligadas à sua existência. Este povo, cuja cosmologia coexiste harmoniosamente com o bioma da Caatinga, tem seus principais núcleos habitacionais localizados no município de Águas Belas, Pernambuco, Brasil. A pesquisa, de caráter qualitativo, utiliza observação participante, entrevistas e análise documental para compreender as elaborações musicais Fulni-ô, considerando sua história, relação com o território, seus modelos de gestão e organização social, bem como sua luta por reconhecimento diante dos desafios contemporâneos. A cisão que resultou na formação de mais uma aldeia em Ouricuri (Território Sagrado) é analisada sob a perspectiva das transformações sociais e suas implicações nas práticas musicais. As teorias da experiência e da prática fornecem o arcabouço teórico, destacando a importância da vivência e da ação na construção do conhecimento e na trajetória social. O conceito de “musicar” é explorado, enfatizando a experiência musical como um processo ativo e relacional, e a arte como uma experiência estética que transcende o mero entretenimento. Os percursos musicais individuais, como o do Mestre Xixia na busca do fortalecimento do yaathê (idioma Fulni-ô) através do unakesa, assim como os grupos de cafurna-unakesa, a produção de músicas não indígenas e as músicas indígenas contemporâneas, revelam a importância da diversidade como ferramenta para potencializar a trajetória Fulni-ô e o diálogo intercultural. A pesquisa explora a relação Fulni-ô e Tarairiú a partir da obra “A Dança Tarairiú” de Albert Eckhout e do ritual Uxilnexa (Toré de Buzos Fulni-ô), evidenciando a ancestralidade compartilhada e a importância das sonoridades e dos ambientes vividos na manutenção dessas conexões. Este trabalho conclui que as elaborações musicais Fulni-ô se constituem não apenas a partir de suas ancestralidades, mas também nas relações com outros grupos sociais. As influências externas são incorporadas à tradição Fulni-ô ou ressignificadas conforme suas necessidades, demonstrando a complexidade e a potência desse povo.