Imagens indígenas em movimento: história, cultura e cosmovisão nos cinemas Huni Kuin, Kuikuro e Mbya-Guarani

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Nunes, Karliane Macedo
Orientador(a): Oliveira, Marinyze Prates de
Banca de defesa: Matos, Maurício, Cortes, Clélia Neri, Kayapó, Edson, Lopes, Edineia
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos
Programa de Pós-Graduação: Programa Multidisciplnar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/32438
Resumo: Esta tese foi estruturada a partir de dois eixos: de um lado, busquei mostrar como o par saber-poder articulou-se na América Latina de modo a subalternizar as populações indígenas, situando-as como povos “menores”, sem conhecimento e sem história. No Brasil, as políticas e instituições estatais, bem como o conhecimento produzido nos centros de saber nutriram-se dessa lógica binária e excludente - em que o “um/mesmo” (homem branco ocidental) foi construído como o total oposto do “outro” (as populações indígenas) -, tendo colaborado, em momentos e de modos diferentes, com a elaboração de um repertório de discursos e imagens equivocadas e estereotipadas em torno dos povos indígenas. O segundo eixo refere-se a uma tentativa de mapeamento do contexto de emergência do chamado cinema indígena, no qual diferentes povos tornam-se protagonistas no processo de elaboração de suas imagens e narrativas, cujo marco histórico, no Brasil, remonta ao final da década de 1980 e vem sendo desenvolvido de modo mais sistemático pela ONG Vídeo das Aldeias. Já me transformei em imagem (2008, Huni Kuin), Os Kuikuro se apresentam, O manejo da câmera (2007, Kuikuro) e Bicicletas de Nhanderu (2011, Mbyá-guarani) foram os filmes escolhidos para a análise, levando em consideração seus aspectos históricos, culturais e sociocósmicos. Os modos de vida indígenas - com suas concepções de mundo, suas resistências ao modelo separatista do conhecimento dominante e dos modos de vida engendrados pelo capitalismo -, parecem encontrar no formato audiovisual um potente aliado de enunciação, de elaboração de si e de diálogo com o mundo não-indígena. Trata-se de filmes que mobilizam questões pulsantes em torno de temas como contra-narrativas, cultura, interculturalidade, encontros, transformações e natureza, podendo funcionar como potentes instrumentos a favor de uma descolonização do conhecimento. Tanto o pensamento indígena quanto a potência de seu cinema parecem estar na intensidade dos encontros (mito e história, tradição e modernidade, corpos e tecnologias, índios e não- índios), e na elaboração de formas de vida que, ao invés de negar, integram os muitos outros com os quais se relacionam, nutrindo uma possibilidade de viver com, numa postura afirmativa da vida. Para pensar tais questões, este trabalho, de caráter multidisciplinar, mobiliza um aparato crítico-teórico oriundo dos Estudos Culturais, Estudos Pós-coloniais e Estudos Subalternos, inspirados num discurso de base pós- estruturalista.