Análise Dialógica da Argumentação: a polêmica entre afetivossexuais reformistas e cristãos tradicionalistas no espaço político

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Silva, Lucas Nascimento
Orientador(a): Santos, Elmo José
Banca de defesa: Campos, Maria Inês Batista, Lima, Helcira Maria Rodrigues, Heine, Lícia Maria Bahia, Souza, Iracema Luiza de
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Letras
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/28110
Resumo: As condições de possibilidade discursivas e argumentativas da polêmica são objeto de compreensão deste trabalho. O evento polêmico estudado constitui-se a partir do antagonismo entre o espírito afetivossexual reformista e o espírito religioso tradicionalista no espaço público político brasileiro, cujo corpus são duas audiências públicas da Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal do Brasil, em torno do Projeto de Lei da Câmara, nº122/2006, que visa à criminalização da “homofobia”. A disputa se dá uma vez que os proponentes alegam ser o posicionamento religioso cristão sobre a homossexualidade a causa profunda da homofobia, por outro lado, os oponentes alegam que o Projeto de Lei é intolerante e totalitário. Frente à essa problemática, o objetivo é ir além das aproximações e complementariedades entre o dialogismo e a argumentação retórica, de maneira a voltar à Filosofia do ato responsável de Mikhail Bakhtin, para de lá visar à Nova Retórica de Chaïm Perelman e Lucie Olbrechts- Tyteca, a fim de lançar luz sobre a argumentação polêmica. O resultado desse encontro epistemológico tem sido uma análise dialógica da argumentação, a qual vê o ato de polemizar também como um ato ético. Assim, essa perspectiva, na pesquisa desenvolvida, mostra-se capaz de dar conta de uma análise do fenômeno argumentativo, privilegiando não apenas o estudo sobre o acordo, mas, sobretudo, o desacordo profundo, ao contemplar, por assim dizer, o dialogismo polêmico e os efeitos de sentido entre os sujeitos argumentantes, vendo-os como seres que amam e odeiam valores. Ora, para tanto, quatro hipóteses de trabalho são construídas. A hipótese principal é que a polêmica é um ódio velado aos valores amados do outro, manifestando-se argumentativamente pela polarização, cujas características particulares se delineiam no processo argumentativo concreto. A partir disso, decorre a segunda hipótese, a de que o evento polêmico é o encontro de posicionamentos, fundantes de dois campos discursivos antagônicos, responsáveis por atualizar entidades de outras polêmicas em um dado cronotopo, cujo estudo é possível através do gênero discursivo, qual seja, a audiência pública. Nesse processo argumentativo, imantados por tal evento, os argumentantes põem em ato polêmico estratégias argumentativas, argumentos e posicionamentos, através dos quais se pode observar certa memória argumentativa a se atualizar, contribuindo na constituição dos sentidos e na perpetuação do dissenso, o que figura como a terceira hipótese. Além disso, a quarta hipótese ajuda a explicar como as palavras também podem ser imantadas pela polêmica, possibilitando ver o microato polêmico na arena de certos lexemas. Com esses dispositivos, as potencialidades de uma análise dialógica da argumentação são exploradas ao focar a lógica dos valores como compreensão da realidade do homem, o qual se constitui dialógica e polemicamente na luta pela hegemonia discursiva no seio da democracia brasileira. Ao final deste empreendimento, os resultados confirmam satisfatoriamente as hipóteses levantadas, apontando, por assim dizer, para a produtividade dos dispositivos analíticos propostos nesta tese.