"O que me interpela é se eu continuar a viver": o sujeito entre rupturas e tecituras na clínica das urgências subjetivas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Almeida, Daniela Lima de lattes
Orientador(a): Pontes, Suely Aires lattes
Banca de defesa: Pontes, Suely Aires lattes, Leite, Cláudia Aparecida de Oliveira lattes, Santos, Cristiane de Oliveira lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGPSI) 
Departamento: Instituto de Psicologia
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/39031
Resumo: As inquietações que levaram à construção desta pesquisa partiram da experiência clínica da pesquisadora em contexto hospitalar com sujeitos que vivenciaram situações de urgência. Na teoria psicanalítica, uma urgência é concebida como índice de irrupção do real, um corte na experiência subjetiva em que os recursos psíquicos que serviam para contornar a angústia encontram-se ausentes, de modo a precipitar o sujeito a saídas abruptas. Este trabalho tem como objetivo geral investigar o sintoma como construção singular no processo de subjetivação da urgência. Para tanto, nos ancoramos em quatro concepções principais para subsidiar a pesquisa, a saber: urgência, angústia, tempo lógico e sintoma. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de natureza exploratória, em que foi realizada a construção de um caso clínico via escrita, método de pesquisa em psicanálise que possibilita testemunhar e transmitir uma invenção singular para tratar os impasses frente ao impossível do real na prática da psicanálise. O caso que compôs esta pesquisa foi acompanhado pela pesquisadora em um hospital público de Salvador, Bahia, durante a experiência como residente de psicologia. Por ser um estudo retrospectivo, foram utilizados registros documentais produzidos em diário de campo. Discutimos a articulação entre clínica e clinamen, que introduz a dimensão da contingência ao instaurar um impasse na práxis e na teoria psicanalítica, ponto em que o tema das urgências subjetivas e o método de construção de caso clínico se entrelaçam. Os resultados apontam para um caráter de precipitação temporal na urgência que, por um lado, produz um curto-circuito entre o instante de ver e o momento de concluir e, por outro, eleva uma enunciação ao estatuto de acontecimento, através da qual o sujeito advém, quando mediada por uma via de endereçamento. Nesse contexto, o sintoma em sua dimensão de enigma pode funcionar enquanto ato enunciativo, uma ancoragem significante que possibilita uma subjetivação da urgência, de modo a transformar-se em uma questão para o próprio sujeito. Situamos uma pó-ética da psicanálise, ao dar lugar aos restos e fragmentos extraídos da experiência com o inconsciente, de modo que há algo singularmente inadiável a ser circunscrito numa urgência subjetiva. Desse modo, este trabalho contribui para a teorização sobre os processos de subjetivação da urgência, para a transmissão dos efeitos de singularizaço da clínica psicanalítica e para a discussão sobre as bases teórico-clínicas e metodológicas da pesquisa em psicanálise.