ESCRITAS VILLERAS DE NAÇÃO: PERSPECTIVAS DISCURSIVAS SOBRE A ARGENTINA NEGRA EM COISA DE NEGROS, DE WASHINGTON CUCURTO

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Ferreira, Shagaly Damiana Araujo
Orientador(a): Souza, Florentina da Silva
Banca de defesa: Paraquet, Marcia, Santos, Alvanita Almeida, Souza, Florentina da Silva
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Letras
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/26680
Resumo: Este trabalho apresenta reflexões resultantes de estudos voltados para a investigação, o mapeamento e a discussão no âmbito das representações do negro no contexto das narrativas nacionais argentinas contemporâneas acionadas pela obra Coisa de negros, do escritor argentino Washington Cucurto, publicada no Brasil em 2007, com vistas a observar como a literatura contemporânea (re)dimensiona antigos estereótipos e imaginários forjados com o fim do período colonial, favorecedores, principalmente, das chamadas políticas de embranquecimento desenvolvidas no país. O livro em questão apresenta, em dois capítulos, histórias do universo da cumbia e seus bastidores, vivenciadas por personagens negros – de outros países da América Latina, predominantemente –, cujas trajetórias centralizam-se na Argentina, país no qual, comumente, se apresentam complexos debates acerca da sua população negra. A tônica destas discussões refere-se ao impasse acerca da presença/ausência de afrodescendentes no país, onde, historicamente, estabeleceu-se um imaginário de branquitude populacional, no qual a escassez de afro-argentinos é atestada tanto pelos discursos oficiais, quanto pelo senso comum. Outrossim, o termo “negro/a” é também utilizado para caracterizar os imigrantes de países latinos limítrofes, os cabecitas negras e os moradores das periferias (as villas) dos grandes centros, somando uma carga ainda maior de estigmas ao imaginário pejorativo que historicamente atenta contra os afro-agentinos – o que torna ainda mais delicadas tais discussões. Nesta perspectiva, a presente dissertação procura expor e discutir as questões históricas inerentes a estas construções discursivas e a sua sustentação atual, abordando também as contranarrativas elaboradas pelos/as negros/as no país, as quais estruturaram uma potente produção cultural e artística, contrariando o processo de branquitude imposto. Além disso, em meio ao panorama complexo exposto, este trabalho também busca apresentar a obra cucurtiana como objeto fértil para a análise das possibilidades criativas da literatura quando se propõe a questionar e/ou desconstruir, em sua linha estética, tanto o imaginário de branquitude argentina, quanto os estigmas depreciativos caros às políticas pós-coloniais da Argentina e de outros países atravessados pelo processo diaspórico africano.