A relação entre as identidades territoriais e a “nova urbanidade”: o caso das manifestações identitárias dos grupos de motociclistas em Salvador, Bahia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Fernandes, Hiram Souza
Orientador(a): Henrique, Wendel
Banca de defesa: Dozena, Alessandro, Serpa, Angelo Szaniecki Perret, Henrique, Wendel
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia. Instituto de Geociências
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geografia (POSGEO)
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/19345
Resumo: A dissertação de mestrado aqui apresentada refere-se à pesquisa que buscou compreender as relações que se engendram entre as identidades territoriais, no plano do cotidiano urbano, e a “nova urbanidade”, na cidade de Salvador, Bahia. Para este trabalho, que consiste em um estudo de caso, o recorte de análise está vinculado aos grupos de motociclistas organizados em Moto Clubes (M.C.s). A escolha pelos agregados identitários de motociclistas deveu-se ao interesse pessoal do pesquisador pelas manifestações culturais que apresentam ideais de cultura diferentes em relação à cultura hegemônica “imposta” pelas diversas esferas do poder, como, por exemplo, as do poder midiático e da indústria do carnaval em Salvador. Além disso, a escolha revela manifestações de um agregado identitário que possui características extremamente distintas, baseando-se em Haesbaert (2007), no que diz respeito ao continuum que este autor apresenta, caracterizando as identidades desde a “multiterritorialidade” à “reclusão territorial”. Esta, por sua vez, reforça a segregação e o fechamento das manifestações identitárias. A segregação é entendida a partir de Correa (1989), como sendo caracterizada pela individualidade física e cultural, resultante do processo de competição impessoal que gera espaços de dominação dos diferentes grupos sociais levando-as a uma “reclusão territorial”, como no caso de determinados grupos de motociclistas. Por outro lado, a “multiterritorialidade” é caracterizada pelas “identidades híbridas” que são altamente influenciadas pelo aumento da mobilidade das populações, o que é notadamente uma característica de alguns outros grupos de motociclistas que são mais abertos aos intercâmbios culturais e a uma flexibilidade na materialização do território. Tendo em vista essa diferenciação dos agregados identitários com base no continuum proposto por Haesbaert (2007), tive a possibilidade de observar e compreender as distintas manifestações de diferentes grupos de motociclistas através das experiências do espaço vivido. Tal fato contribui para a compreensão e o enriquecimento das reflexões sobre a constituição das territorialidades tendo como referência as identidades territoriais. A compreensão sobre a formação de territorialidades urbanas em Salvador parte ainda das discussões sobre a “nova urbanidade”, proposta por Carlos (1997), a qual se materializa no espaço e se realiza no cotidiano da grande cidade, possibilitando que o surgimento / crescimento / desaparecimento das manifestações identitárias na cidade contemporânea parta das ideias de segregação social urbana e da tendência cada vez mais marcante do isolamento dos indivíduos, pela competição e pela individualidade, mesmo existindo um movimento dialético, no sentido de complementaridade, que através de uma convivência solidária possibilita o desenvolvimento de agregados identitários diversos.