Afiliação das estudantes negras ao curso de Medicina da UFRB

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Von Beckerath, Yzumi Fukutani Presa lattes
Orientador(a): Sampaio, Sônia Maria Rocha lattes
Banca de defesa: Sampaio, Sônia Maria Rocha lattes, Dazzani, Maria Virgínia Machado lattes, Carneiro, Virgínia Teles lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGPSI) 
Departamento: Instituto de Psicologia
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/34675
Resumo: O presente trabalho tem como tema a afiliação da estudante negra assistida pelo Núcleo de Gestão da Pró-reitoria de Políticas Afirmativas e Assuntos Estudantis, no Centro de Ciências da Saúde da UFRB, ao curso de Medicina, e guia-se pela questão: “como se dá a trajetória da estudante negra do curso de Medicina assistida pelo NGP/CCS da UFRB?”. Tem como objetivo geral: compreender o processo de afiliação da estudante negra assistida pelo NGP/CCS ao curso de Medicina da UFRB, e como objetivos específicos: a) descrever as histórias de vida das estudantes a partir de suas próprias narrativas, b) descrever suas trajetórias universitárias e c) identificar as estratégias por elas desenvolvidas na sua adaptação ao curso escolhido. Este estudo adota a teoria da afiliação de Coulon e as contribuições de Nery, e segue com a tradição da Escola de Chicago, que considera o ponto de vista dos atores sociais para a produção de conhecimento útil. Como marco teórico de sustentação metodológica, este trabalho ancora-se no interacionismo simbólico e vale-se da entrevista compreensiva de Kaufmann como técnica. O campo é o Núcleo de Gestão da Pró-reitoria de Políticas Afirmativas e Assuntos Estudantis, no Centro de Ciências da Saúde. Foram entrevistadas quatro estudantes que cumpriam os critérios de inclusão da pesquisa: a) ser estudante universitária do curso de Medicina, b) autodeclarar-se preta ou parda e c) estar sendo acompanhada pelo NGP/CCS da UFRB. Resultados: as estudantes são as primeiras de seus núcleos familiares a ingressarem no curso de Medicina e suas famílias apoiam a continuidade de seus estudos. Em seus processos de afiliação, as estudantes sofrem as rupturas socioafetiva e pedagógica no tempo do estranhamento, contudo, foi percebida antecipação da ambiguidade. Apesar da competição no curso ter sido destacada, as estudantes conseguiram criar uma nova rede de apoio socioafetiva e desenvolver competências e estratégias adaptativas. Há o prolongamento do tempo para a afiliação, que se perfaz no terceiro ano do curso, com o ingresso no segundo ciclo. Foi identificada demanda por orientação quanto aos métodos de estudo no ensino superior. Em algum momento de suas trajetórias universitárias, as estudantes demonstraram preocupação com sua saúde, o que fortalece a importância do acompanhamento psicológico e a necessidade de a universidade investir no Serviço de Psicologia. Há o reconhecimento da contribuição da política de ação afirmativa para a trajetória universitária das participantes, todavia, não é possível enquadrar a UFRB como um caso ilustrativo de universidade antirracista. Emergiram do campo também relatos sobre situações de assédio moral, sexual e discriminação de gênero. Por conta de seus resultados, esta pesquisa pode contribuir para o aprimoramento da execução da política de ação afirmativa, em especial para a ampliação e o fortalecimento do Serviço de Psicologia. Este estudo encontra limites em questões de raça, gênero e inclusão de pessoas com deficiência, pois não contemplou estudantes não-negros, nem os estudantes cis do gênero masculino nem os estudantes transgênero nem estudantes com deficiência.