Demandas de saúde de mulheres lésbicas: construção de bases para o cuidado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Cabral, Letícia da Silva lattes
Orientador(a): Coelho, Edméia de Almeida Cardoso lattes
Banca de defesa: Coelho, Edméia de Almeida Cardoso lattes, Souza, Simone Brandão lattes, Suto, Cleuma Sueli Santos lattes, Silva, Andréa Alice Rodrigues lattes, Torres, Raimundo Augusto Martins lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGENF)
Departamento: Escola de Enfermagem
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/38542
Resumo: O reconhecimento de demandas de saúde das mulheres lésbicas constitui passo importante para fomentar as discussões sobre cuidado e possibilitar ou potencializar ações nos serviços de saúde. Há especificidades no âmbito social e da atenção à saúde, com fatores determinantes para a dificuldade do acesso e acolhimento dessas mulheres. A singularidade de mulheres lésbicas demanda atenção específica. Porém, preconceitos e violência nos diversos espaços fazem com que esse grupo se afaste dos serviços de saúde e tenha menor acesso a consultas, exames e rastreamentos, ampliando vulnerabilidades. Essa pesquisa teve por objetivos conhecer demandas por cuidado segundo a realidade vivenciada por mulheres lésbicas na experiência pessoal e na relação com os serviços de saúde; analisar experiências de mulheres lésbicas com os serviços de saúde no âmbito da atenção a suas demandas por cuidado; apresentar estratégias para o cuidado na rede de saúde segundo o olhar de mulheres lésbicas sobre suas demandas. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa realizado em três municípios do estado da Bahia, sendo eles de pequeno, médio e grande porte. A produção dos dados deu-se a partir de grupos focais e de entrevistas semiestruturadas além de formulário para informações sociodemográficas. Foi utilizada a Teoria do ponto de vista como referencial teórico e o material empírico foi analisado pela técnica de análise do discurso, tendo gênero e integralidade como categoria analítica. As normas da Resolução 466/12 foram atendidas em todas as etapas da pesquisa. Os resultados mostram enfrentamentos diversos que conformam as experiências iniciadas na relação com a família e se continuam no afirmar-se lésbica como ato político para visibilidade social, ao tempo em que passam a conviver com o medo da violência. Na busca por cuidado, estereótipos e preconceitos sobre quem contraria a heteronormatividade alimentam o modelo de atenção à saúde, veiculando poderes e verdades estabelecidas. Há invisibilidade da existência lésbica e, em consequência, das demandas por cuidado, ao lado de constrangimentos para quem assume sua identidade de gênero. Essa realidade mantém mulheres lésbicas como população vulnerada. As participantes apontam mudanças no caminho da superação: educação para a saúde sexual de base emancipatória, formação profissional e educação permanente sob novos pilares e novas competências, políticas de saúde inclusivas e interseccionais, integralidade do cuidado com ênfase no acolhimento, uso de redes sociais como espaço de apoio e de ação política. Urge que seja garantido na rede de atenção espaço para o cuidado a mulheres em relacionamento homoafetivo e que políticas sejam efetivamente implementadas por profissionais com qualificação para o cuidado a mulheres lésbicas, reconhecendo-as como pessoas de direitos com poder sobre seu corpo e sobre a sua vida.