Avaliação dos efeitos da associação entre a crotamina de Crotalus durissus terrificus e fármacos clássicos no tratamento da leishmaniose cutânea experimental

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Silva, João Rafael Valentim
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/5360741595021004
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas
Instituto de Ciências Biológicas
Brasil
UFAM
Programa de Pós-graduação em Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal - BIONORTE
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/6518
Resumo: As leishmanioses são um sério problema de saúde pública que afetam áreas de clima temperado e tropical. Atualmente, há 1,3 milhões de casos e aproximadamente 20 mil mortes por ano, parte em razão dos tratamentos que apresentam diversas inadequações, sérios efeitos colaterais e falha terapêutica de até 65% sugerindo urgência na descoberta de terapias alternativas para o combate dessa doença. O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia e efeitos toxicológicos da associação entre a Crotamina (CTA) de Crotalus durissus terrificus e fármacos clássicos empregados na terapia da leishmaniose. Estudo preliminar realizado identificou a melhor combinação entre a CTA e Glucantime® (GLU) ou Pentamidina (PEN) contra as formas promastigotas de L. amazonensis. Doravante, as formulações com GLU avaliadas foram denominadas de G1 (GLU 300 μg μg/mL + CTA 100 μg/mL) e G2 (GLU 300 μg μg/mL + CTA 3,125 μg μg/mL) e com PEN denominadas de P1 (PEN 0,05 μg μg/mL + CTA 100 μg μg/mL) e P2 (PEN 0,05 μg μg/mL + CTA 3,125 μg μg/mL). In vitro, os tratamentos foram avaliados sobre a inibição do crescimento de promastigotas, amastigotas, produção de Óxido Nítrico, citocinas e citotoxicidade dos tratamentos sobre células de linhagem. Foram analisadas também a afinidade molecular e a caracterização molecular da CTA e GLU ou PEN. In vivo, os grupos experimentais foram denominados G5 (GLU 300 mg.kg- 1 + CTA 5 mg.kg-1) e G6 (PEN 4 mg.kg-1 + CTA 5 mg.kg-1) e os tratamentos foram realizados por oito dias alternados. Após 48h do fim do tratamento os animais foram mortos e as patas foram retiradas na primeira articulação acima da lesão para pesagem. Em seguida, foi realizada a retirada de sangue, tecido da pata, linfonodo, rins, fígado e baço para posteriores experimentos. O sangue de cada animal foi centrifugado e o soro separado para análise bioquímica e imunológica. As combinações G1, G2, P1 e P2 se mostraram mais eficazes contra promastigotas, ou igualmente eficientes contra amastigotas e menos citotóxicas que os fármacos sozinhos. As formulações G1, G2, P1 e P2 não alteraram as respostas celulares de NO, contudo, G1 e G2 estimularam TNF-α, enquanto P1 e P2 estimularam IL-12. O Docking, a DM e SPR demonstraram afinidade molecular entre CTA ao GLU e à PEN com um perfil concentração dependente. In vivo, os tratamentos experimentais (grupos G5 e G6) mostraram-se mais eficazes que as fármacos sozinhos (grupos G3 e G4) na diminuição da carga parasitária da pata e linfonodo, contudo, não houve diminuição do tamanho da lesão. Os animais não perderam massa corporal e, em conjunto com os dados das análises bioquímicas, demonstra baixa toxicidade e adequada tolerabilidade ao tratamento. Os grupos G5 e G6 exibiram prioritariamente um perfil Th1 com forte aumento da produção de IFN- γ, TNF-α e IL-17a enquanto, em contrapartida, inibiram IL-10. A combinação de CTA aumentou a eficácia do tratamento e diminuição da citotoxicidade in vitro do GLU e da PEN contra L. amazonensis, modulou a resposta imune celular. A de CTA com ambos os fármacos mostrou ser mais eficaz que os fármacos sozinhos na diminuição da carga parasitária sem demonstrar toxicidade sistêmica. Essa abordagem de combinação farmacológica demonstrou ser promissora para o tratamento experimental da leishmaniose cutânea. Como perspectivas futuras, far-se-á necessário explicar os mecanismos envolvidos na inibição do parasito e diminuição da citotoxicidade proporcionada pelos tratamentos experimentais.