Concepções sobre trabalho, processo saúde-doença e ambiente para agricultoras da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Reis, Letícia Souza
Outros Autores: https://lattes.cnpq.br/3664277697177589
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas
Faculdade de Psicologia
Brasil
UFAM
Programa de Pós-graduação em Psicologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/9965
Resumo: O modo de vida das mulheres no meio rural é fortemente influenciado pelas características do lugar onde vivem e interfere na produção e reprodução social, que são predominantemente relacionados com a terra, a floresta e as águas. Portanto, abordar sobre a situação de trabalho, processo saúde-doença e ambiente dessas mulheres torna-se desafiador, visto que os dados oficiais não estão desagregados pelo lugar de moradia ou os espaços de trabalho. Considerando a complexidade de fatores que incidem sobre os modos de vida das mulheres rurais, buscou-se compreender as concepções sobre trabalho, processo saúde-doença e ambiente para agricultoras familiares que habitam na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, no estado do Amazonas. Baseando-se nas características da abordagem qualitativa, foi utilizado como instrumento o levantamento documental e bibliográfico, entrevistas semiestruturadas, bem como observação participante e diários de campo para auxiliar nas informações referentes à vida cotidiana e caracterização do local. A análise das informações obtidas foi feita de acordo com a Análise Categorial Temática. Para realizar ações contextualizadas, favorecendo o acesso das agricultoras ao papel de fala, a Psicossociologia foi escolhida como aporte teórico-metodológico. Sobre as questões de trabalho, identificamos que este representa a saúde e a autonomia dessas agricultoras que, embora reconheçam a importância do trabalho para si e para a comunidade, necessitam de mais reconhecimento e fomento por parte da sociedade e do governo. Quanto ao processo saúde-doença, a saúde foi compreendida como ausência de doença e a possibilidade de trabalhar diariamente. Para lidar com as enfermidades que surgem no cotidiano, as agricultoras recorrem frequentemente aos conhecimentos da medicina tradicional amazônica. O apego às tradições de cura nativas e a confiança depositada nos saberes e práticas não são influenciados apenas por elementos da cultura ancestral, como também são alternativas à carência de serviços públicos de saúde na localidade. Sobre os acidentes de trabalho na agricultura, os acidentes com animais peçonhentos e com objetos cortantes fazem parte do cotidiano de trabalho das mulheres. Quanto à relação que as agricultoras familiares estabelecem com o ambiente, foi constatado que a natureza é vista como fonte de vida e subsistência, demonstrando também a relação de apego e afeto com a terra, a floresta e as águas. O lugar da RDS do Rio Negro não só satisfaz as necessidades, como tem um significado a nível simbólico que está relacionado às identidades dessas agricultoras familiares, assim como desperta sentimentos de segurança e bem estar. O trabalho, que é gerador de autonomia, saúde e doença, está situado em um lugar que interfere significativamente nos modos de vida das agricultoras. Sendo assim, o trabalho na agricultura familiar, o processo saúde-doença e o ambiente estão intrinsecamente relacionados.