O saber fazer indígena na educação escolarizada – análise em uma escola Ticuna

• Ano de defesa: 2020
• Autor(a) principal: Araujo, Junior Peres de
• Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/8542714516214673
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas; Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais; Brasil; UFAM; Programa de Pós-graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia
• Palavras-chave em Português: Etnoconhecimento; Índios Ticuna; Educação - Estudo e ensino; Escolas indígenas; Indígenas - Educação; CIÊNCIAS HUMANAS; Currículo híbrido; Prática pedagógica; Integração
• Link de acesso: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/7919

Este trabalho apresenta um estudo sobre abordagem e valorização de saberes tradicionais no espaço formal de educação do povo Ticuna, tendo como campo de pesquisa a comunidade Umariaçú I em Tabatinga-AM, situado à margem direita do Rio Solimões. A necessidade e emergência por visibilidade, difusão e valorização dos saberes práticos indígenas foi a mola propulsora para a escolha desta temática, pois o aproximamento da reflexão acerca no espaço de construção do conhecimento institucional acadêmico às experiências de contato cultural cotidiano antes despercebidas, despertou o sentimento de descobrimento dos saberes e práticas tradicionais. Tendo em vista o histórico de exploração e contato com outras culturas, e ainda hoje com o fortalecimento de integração da comunidade à cidade, que influenciam o modo peculiar de vida dos moradores o estudo pretende verificar o espaço que as sabedorias e práticas tradicionais ocupam dentro do currículo escolar e na prática pedagógica, vez que há o direito constitucional a uma educação particularizada e reforçado na Lei de diretrizes e bases da educação nacional – LDB 9.394/96, garante por meio de um currículo específico o uso da língua, costumes e conhecimentos. O entendimento sobre saberes tradicionais nesta pesquisa tem seu fundamento em estudos que intensificam o reconhecimento e aproximam este campo de conhecimento e elevam ao status cientifico por meio de estudos mais específicos, as etnociências. As contribuições de estudos sobre o etnoconhecimento foram essenciais para análise e reflexão da proposta curricular e das práticas pedagógicas desenvolvidas nas escolas indígenas. Nos apropriamos dos procedimentos etnográficos, sendo o trabalho de campo com observação dos desempenhos em sala de aula de uma entidade da rede municipal de ensino e uso da caderneta, além da entrevista compreensiva, diálogos e questionário. Esta pesquisa constata que há, ainda, muitos impasses impeditivos da efetivação deste currículo específico. Entre estes: escassez de recursos didáticos, ausência de formação continuada para os professores, influência da cultura cidadina. Muito embora isto, simultaneamente, mostra a valorização da cultura indígena, atribuída pela comunidade educativa. Isto, na tentativa de fortalecer e revitalizar os saberes que residem na memória dos professores. Apesar de enfraquecido, os saberes tradicionais Ticuna da comunidade Umariaçú são conteúdos abordados no currículo e nas práticas, que se complementam com competências nacionais. E ainda garante a possibilidade de repensar a execução deste currículo diferenciado, onde os saberes tradicionais se fazem visíveis no modelo pedagógico que está sendo desenvolvido por meio também da relação entre a escola e a comunidade.