Interação homem e animal de estimação: um estudo acerca da posse de animais silvestres na cidade de Lábrea – AM

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Canto, Delana de Souza
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/0463648548840044
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas
Faculdade de Ciências Agrárias
Brasil
UFAM
Programa de Pós-graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/5578
Resumo: Em diferentes regiões do Brasil, é possível verificar a presença de espécimes da fauna silvestre como animais de estimação nas residências, mesmo nas áreas urbanas. Embora haja uma legislação ambiental peculiarmente restritiva sobre a posse de espécies silvestres, além de campanhas promovidas pelos órgãos de proteção que visam dar orientação aos compradores e a sociedade, a posse ilegal ainda é um problema que se prolonga no tempo. No Amazonas, essa realidade pode ser evidenciada no cotidiano tanto das cidades como das zonas rurais. Nesse sentido, este trabalho teve como objetivo geral compreender por que as pessoas continuam criando animais silvestres como animais de estimação na cidade de Lábrea, no Amazonas. Para estudo de campo, foram aplicados formulários e realizadas entrevistas individuais com 65 donos de animais e também com 04 agentes do setor da proteção ambiental. Após a coleta de dados em campo, os mesmos foram organizados em planilhas no programa Excel, analisados e interpretados. As informações mais subjetivas do formulário foram sintetizadas por meio de tabelas e gráficos, o que requereu primeiramente a análise dos discursos e o agrupamento das ideias veiculadas em categorias mais simples. Tabelas e ilustrações foram feitas com intuito de descrever e resumir os dados. Após análise, evidenciou-se que todos os motivos que influenciaram na decisão de criar animais silvestres para estimação são antropocêntricos, pois posicionam o homem como principal destaque na relação entre o homem e animal e considerando o primeiro acima do segundo. A posse representa uma prática ligada ao costume local, pois independentemente do nível escolar ou condição social, a maioria dos entrevistados afirmou que “sempre teve animal silvestre por perto”. Isso significa que, desde cedo, tiveram esse tipo de contato, através dos pais, amigos ou vizinhos. Nesta perspectiva, a posse pode ser fruto dos costumes intrínsecos à cultura e aos modos de vida locais. Em relação às campanhas de informações, a maior parte não tem conhecimento a esse respeito, por parte de nenhuma instituição. Na perspectiva dos entrevistados, as proibições do IBAMA (como a posse para estimação sem autorização legal e aquisição de criadouro autorizado) acerca da posse ilegal não possuem justificativas razoáveis, pois não fazem distinção entre a posse oriunda de tráficos diversos (julgada imoral e com impacto negativo para os animais) e a posse de escala local (julgada não prejudicial para os animais). Outros acreditam que as proibições beneficiam apenas o governo, por meio de seus órgãos e limitam a posse legalizada às classes sociais privilegiadas. De forma geral, observou-se que os riscos sociais, sanitários e ambientais inerentes à posse de animais silvestres são desconhecidos pelos criadores. Mais da metade dos participantes não associa a posse com consequências para os animais, nem para a sociedade ou ao ambiente como um todo. Para alguns, isso se deve ao desconhecimento sobre os temas abordados na pesquisa, especialmente no que tange aos riscos de zoonose. Todavia, para os problemas relacionados aos animais ou ao ambiente, alguns donos pareceram estar cientes, mas preferem ignorá-los ou minimizá-los. Nessa conjuntura, entende-se que a resolução da questão da posse ilegal só terá progressos quando os órgãos de defesa do ambiente forem atuantes na localidade, de forma que sejam capazes de fiscalizar, cobrar a aplicação da lei, e sobretudo, de tornar a sociedade local ciente das consequências que a posse pode trazer a médio e longo prazo nos seus diversos enfoques.