Dinâmica geomorfológica do complexo fluvial de Mariuá, rio Negro, bacia Amazônica

• Ano de defesa: 2022
• Autor(a) principal: Queiroz, Matheus Silveira de
• Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/4816403391624243, https://orcid.org/0000-0001-8722-7715
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas; Instituto de Ciências Humanas e Letras; Brasil; UFAM; Programa de Pós-graduação em Geografia
• Palavras-chave em Português: Bacias hidrográficas; Geomorfologia - Amazônia; CIENCIAS EXATAS E DA TERRA: GEOCIENCIAS: GEOMORFOLOGIA; Rios anabranching; Ilhas fluviais; Rio Negro; Bacia Amazônica
• Link de acesso: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/9001

O complexo fluvial de Mariuá é uma das maiores maravilhas geomorfológicas do mundo, está localizado no médio curso do rio Negro, bacia Amazônica, com uma área aproximada de 4.000 km², distante aproximadamente 400 km da confluência com o rio Solimões. É considerado o maior arquipélago fluvial do mundo com um intrincado padrão anabranching e formas fluviais que variam de ilhas, lagos, planície de inundação e terraço fluvial. Esta dissertação tem como objetivo compreender a geomorfologia fluvial do complexo fluvial de Mariuá. Para isto, foram analisados parâmetros da dinâmica fluvial como o regime de cotas, descarga líquida, velocidade de fluxo, sedimentos em suspensão e variação da declividade do espelho d’água. Para análise geomorfológica foram realizados mapeamentos da paisagem nos períodos de águas baixas e altas em escala 1:800.000 e, segmentando o arquipélago em cinco trechos, 1:185.000, com isto foram analisados as unidades geomorfológicas (barras de areia, ilhas, lagos, planície interna, planície de inundação e terraço fluvial), para apoiar a análise foram calculados o índice de sinuosidade do canal, o índice anabranching e realizadas 9 perfis batimétricos em diferentes ambientes fluviais. Por fim, foram coletadas 30 amostras de sedimentos em 16 pontos de análise (barras de areia, ilhas, planície interna e planície de inundação), foi realizada a análise granulométrica utilizando no método da pipeta. A dinâmica do regime de cotas no complexo apresenta pico de cheia ocorre entre os meses de junho e julho, enquanto o pico de vazante em Serrinha (montante) e Barcelos (dentro) ocorre entre dezembro-janeiro e em Moura (jusante) em novembro. A descarga líquida média anual a montante do complexo (Serrinha) é de 16.671 m³ s-1, enquanto que a baixa velocidade de fluxo e declividade do espelho d’água indicam uma baixa predisposição à erosão e sedimentação de material fino no complexo. É possível notar uma grande variação nas formas fluviais entre os dois extremos hidrológicos, com as ilhas perdendo grande parte da sua área e os lagos aumentando significativamente a área durante o período da cheia, enquanto que na vazante pode-se mapear barras de areia com extensão superior a 3 km. Os canais do arquipélago, analisando a relação largura-profundidade, são profundos e largos, e a complexidade do arquipélago é alta, principalmente no último trecho, onde torna-se difícil a localização do canal principal dada a quantidade de ilhas, largura do vale e ramificações do canal principal. As ilhas e do complexo, no diagrama de Flemming, se aproximam mais da extremidade siltosa, indicando que o material fino é o mais presente na composição granulométrica dessas formas. Algumas ilhas possuem uma maior porcentagem de material arenoso, isto pode indicar estabilização mais recente, indicando que as ilhas do complexo ainda estão em processo de expansão. As barras de areia apresentam na sua composição predominantemente areia fina, além disto nota-se seixo como material de fundo, levanta-se a hipótese que atualmente a hidrodinâmica do rio Negro não possui capacidade de transportar esse tipo de material. Destaca-se dois processos de evolução sedimentológica das ilhas de Mariuá. O primeiro é a estabilização de barras laterais, que pode unir duas ilhas diferentes ou aumentar a área de uma ilha pré-estabelecida; e o segundo é a estabilização de barras a jusante das ilhas.