“CPF Cancelado”: um estudo sociológico dos linchamentos em Manaus-Brasil
Ano de defesa: | 2021 |
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Autor(a) principal: | |
Outros Autores: | , |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Amazonas
Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais Brasil UFAM Programa de Pós-graduação em Sociologia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/8499 |
Resumo: | Com esta pesquisa, buscou-se compreender quais os discursos proferidos entre os indivíduos que praticam ou dão suporte aos linchamentos. Buscou-se compreender a dinâmica dos linchamentos como manifestação de sociabilidade na cidade de Manaus, a partir da concepção do “cidadão de bem” e da evolução do discurso pu-nitivista midiático. Como metodologia investigativa, em primeiro lugar, foram reali-zadas entrevistas e conversas informais com 7 interlocutores, entrevistas realiza-das com perguntas semiestruturadas. As perguntas versavam sobre violência ur-bana, meios e técnicas de proteção contra a violência, sistema carcerário, por fim, linchamento, punição, direitos humanos e o judiciário. Parte dos/as interlocuto-res/as participaram ativamente em linchamentos, parte administra páginas que re-produzem vídeos de linchamento. Ademais, o presente trabalho prossegue ao ana-lisar 39 vídeos de linchamentos publicados na rede social Instagram, seus títulos e comentários, bem como a 6 vídeos no Youtube, seus títulos e comentários. Em um primeiro momento, através de revisão de literatura sobre linchamentos em países da América Latina, percebeu-se que a categoria “linchamento” ainda resta em dis-puta em sua definição, todavia sempre deva ser compreendida como um mecanis-mo de perpetuação punitiva através da punição física e simbólica. Em um segundo momento, buscou-se analisar as formas como a “grande mídia”, em especial o pro-grama “Alerta Amazonas/Alerta Nacional”, através de seu apresentador Sikêra Jr., bem como as mídias sociais, repercutem linchamentos e demais manifestações da violência urbana, nos quais a utilização do “humor” e da ironia como ferramentas de transmissão do pensamento conservador e do punitivismo, através de bordões como o “CPF Cancelado” e “Anjinho do Mal” são manejados reiteradamente. Por fim, a terceira parte deste trabalho versa sobre a propagação de conteúdo telemáti-co sobre violência, em especial o linchamento, bem como a percepção social sobre alguns institutos componentes do Estado e que aparecem constantemente no dis-curso social como a “Audiência de custódia” e os “Direitos humanos”. Concluiu-se que um dos principais discursos disseminados em torno dos linchamentos contri-buem com a ideia de que os criminosos não dignos de piedade, e que, ao perpetu-arem crimes, deixam de ser humanos. Essa concepção toma sua reinserção social como algo improvável ou impossível, pois o crime cometido é constitutivo de uma suposta natureza perversa. A dicotomia “Anjinho do Mal” versus “Cidadão de Bem” é muito presente nos discursos e o consumo de conteúdo violento é cada vez mais pujante. Neste sentido, os linchamentos aparecem como uma extensão do poder punitivo do Estado, bem como uma ferramenta de transmissão de sociabilidade entre os participantes e aqueles que recebem os conteúdos do ocorrido. |