Leitura psicossocial da inserção dos refugiados colombianos em Manaus

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Souza, Júlio César Pinto de
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/7926647621300201
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas
Faculdade de Psicologia
Brasil
UFAM
Programa de Pós-graduação em Psicologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/4605
Resumo: Conforme dados estatísticos disponibilizados pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), em 2013 existiam cerca de 16,7 milhões de refugiados espalhados pelo mundo. Os países da América do sul somam uma população de refugiados bem inferior a outros países do Oriente médio e da Ásia. Dentre os países da América do Sul, o Brasil é um país muito procurado pelos refugiados devido à sua política de acolhimento, principalmente pelos refugiados da América Latina que tem o acesso de entrada facilitado. A solicitação de refúgio no Brasil foi facilitada após a homologação da Lei nº 9.474/97, que define mecanismos de implementação do Estatuto dos refugiados, criado em 1951. Todavia essa lei não estabelece questões a respeito da inserção social desse grupo em território brasileiro, o que causa problemas sociais quando de sua chegada em algum lugar. Diante disso, este trabalho teve como objetivo geral realizar uma leitura psicossocial do processo de inserção das famílias de refugiados colombianos em Manaus. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório-descritiva, com uso de entrevista semiestruturada com integrantes de quatro famílias que pediram refúgio entre janeiro de 2013 e setembro de 2014, residentes em Manaus, com análise de conteúdo segundo Bardin (2011). Nesta pesquisa utilizou-se como lente teórica de suporte a teoria da identidade social de Tjafel e a identidade cultural de Hall. Os resultados demonstram que os refugiados participantes vêm das cidades de Cúcuta, Caicedonia e Villavicêncio e que todos solicitaram refúgio devido às ameaças sofridas ou pela insegurança e violência existente nas suas cidades de origem. A escolha do Brasil para o pedido de refúgio teve dois motivos básicos: a segurança e a existência de conhecidos. Quanto à escolha de Manaus, os motivos foram à existência de conhecidos na cidade e a natureza. Quanto à facilitação do processo de inserção social dos refugiados na cidade de Manaus, todas as famílias atribuíram ao acolhimento o principal fator para o auxílio na inserção social. Dos aspectos que tornavam a vida dos refugiados mais fácil no Brasil foram elencados: o estudo dos filhos, o acolhimento recebido e trabalho. Em contrapartida, o que tornava a vida mais difícil foram o idioma, problemas conjugais, trabalho e moradia. O entendimento de refugiado para as famílias foi diversificado, sendo citados: ser um sem teto, vir escondido, ter acesso facilitado e ter direitos. A respeito da identidade colombiana, todos expressaram o orgulho de ser colombiano, mas sem especificar quais as características que determinam essa identidade. Sobre a identidade brasileira, todos os entrevistados designaram o brasileiro como um indivíduo de procedimentos positivos, tendo inclusive um dos entrevistados dito que gostaria de ser brasileiro. Apresentou-se ainda nesta pesquisa a desconstrução do conceito de que o refugiado sai de seu país para ocupar empregos de menor qualificação em Manaus, visto que eles já ocupavam esses empregos na Colômbia. Conclui-se que se faz necessária a elaboração de políticas públicas a fim de resguardar os direitos desse grupo, invisível à sociedade manauara. Por fim exaltou-se a necessidade de maiores pesquisas a respeito da temática, visto a escassez de trabalhos existentes.