Relacionamentos abusivos: significados atribuídos por um grupo de jovens acadêmicos da UFAM

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Souza, Daniel Cerdeira de
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/6802772660969516
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas
Faculdade de Psicologia
Brasil
UFAM
Programa de Pós-graduação em Psicologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/6809
Resumo: Esta pesquisa se debruça sobre a temática “Relacionamentos abusivos” a partir da abordagem Histórico-Cultural de Vygotsky, possuindo um caráter exploratório qualitativo. Considera-se um relacionamento abusivo aquele em que há práticas de controle excessivo de um dos parceiros direcionado ao outro ou ambos, sendo permeado por várias formas de violência. Com o intuito de compreender os significados atribuídos por um grupo de 16 jovens acadêmicos da Universidade Federal do Amazonas a essa questão, foi realizado um grupo focal composto por oito participantes aliado a oito entrevistas individuais semi-estruturadas. Os dados foram analisados através de núcleos de significação, que visam levantar os temas/conteúdos que se destacaram, sendo que tais temas se revelam em palavras significadas em seu contexto, aglutinadas seguindo os critérios de semelhança, complementaridade e contraposição. Foram aglutinados dezenove indicadores, que serviram de base para a formação de cinco grandes núcleos de significação sendo: 1º: Ciúmes; 2º: Comportamento Controlador; 3º: Violências; 4º: O perpetrador e 5º: Vivências da Vítima, que mostram que a internalização dos signos sociais referentes as normas de gênero atravessam toda a relação. Além de promover um padrão de como se deve ou não vivenciar a relação, esses signos trabalham a partir e em benefício dos desejos masculinos, em detrimento da mulher. A insegurança e o ciúme apareceram como os fatores de risco mais preponderantes para a ocorrência de abusos dentro da relação. A partir da percepção de um possível rival, os comportamentos de controle surgiram como uma das principais formas de violência vivenciadas por este grupo de acadêmicos. Além do mais, as violências física, psicológica e moral foram relatadas, mas a mais frequente e mais difícil de se identificar foi a violência psicológica. O perpetrador das violências foi percebido como inseguro, manipulador e com baixas habilidades sociais. As vítimas viveram um fluxo de abusos dentro dos relacionamentos de maneira contínua, tendo suas necessidades preponderantemente desconsideradas e foram atingidos (as) de diversas maneiras, porém, por baixa auto estima, não percepção dos abusos, medo e ganhos emocionais compensatórios, escolhiam permanecer no relacionamento. De maneira geral, a percepção de se estar em um relacionamento abusivo ocorreu após inúmeras situações desgastantes e violentas aliadas a alertas externos (geralmente por parte de amigos) e os relacionamentos abusivos vivenciados deixaram marcas que acompanham os participantes pelos próximos relacionamentos. Conclui-se que para o enfrentamento dos processos de violência na intimidade, é requerido um esforço coletivo na desconstrução dos signos culturais que legitimam uma dominação social masculina.