Dinâmica hidrossedimentar na confluência dos rios Beni e Mamoré

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Severo, Ednaldo Bras
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/5541270181050539, 0000-0002-9148-5570
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas
Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais
Brasil
UFAM
Programa de Pós-graduação em Geografia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/10473
Resumo: Os rios Beni e Mamoré, localizados na fronteira entre Brasil e Bolívia, são os principais formadores do rio Madeira. Juntos, esses rios contribuem com um grande volume de água, apresentando uma descarga líquida média anual de 9.578 m³/s e 7.847 m³/s, respectivamente, e aportam aproximadamente 282 milhões de toneladas de material em suspensão ao rio Madeira anualmente. Esta pesquisa teve como objetivo analisar a variabilidade hidrossedimentológica na região de confluência entre os rios Beni e Mamoré. Para alcançar esse objetivo, foram combinadas medições detalhadas in situ com análises de dados por sensoriamento remoto. Os parâmetros da dinâmica fluvial incluíram medições da descarga líquida (Q), descarga sólida (Qs), velocidade de fluxo, e concentração do material em suspensão (MES) em superfície e profundidade, utilizando informações das estações de Cachuela Esperanza, Guayaramerin e Porto Velho, provenientes do Observatório HYBAM. Adicionalmente, foram empregados dados de sensoriamento remoto para análise da dinâmica de uso e cobertura do solo (Mapbiomas), precipitação (CHIRPS) e concentração do material em suspensão (MES) obtidos por imagens de satélites PlanetScope. A descarga sólida anual foi calculada com base nos dados do Observatório HYBAM e nas medições realizadas no ano hidrológico de 2021/2022. Os resultados indicam que, na bacia dos rios Beni e Mamoré, ocorreram intensas mudanças no uso e cobertura do solo entre as décadas de 1990 e 2020, com grande expansão das áreas destinadas à agricultura, infraestrutura urbana e mineração. Apesar dessas mudanças intensas, não foi observada uma tendência clara de aumento ou redução da precipitação ao longo do período analisado nessas bacias. Em relação à descarga de fluxo sólido, constatou-se uma redução de 15% no material suspenso proveniente dos rios Beni e Mamoré entre a confluência desses rios e o reservatório da Usina Hidrelétrica (UHE) de Jirau, o que corresponde a cerca de 40 milhões de toneladas por ano em um trecho de 400 km, com menor redução registrada nos 200 km a jusante da confluência. A dinâmica hidrossedimentar nesta região apresenta uma marcante zona de deposição no rio Madeira, a montante da UHE de Jirau, onde aproximadamente 15% do material proveniente dos rios Beni e Mamoré é retido. Observou-se que a região mais próxima à confluência apresenta a maior área de deposição, embora não tenha sido encontrada uma relação direta com a redução da velocidade média do fluxo nesse trecho do rio. As estimativas da concentração do MES utilizando imagens PlanetScope apresentaram grandes divergências em relação aos valores observados em campo nos rios Beni, Mamoré e Madeira. Este estudo da dinâmica hidrossedimentar na confluência dos rios Beni e Mamoré fornece dados relevantes para melhor avaliação dos impactos da UHE de Jirau no transporte de sedimentos no rio Madeira, além de discutir a relação entre a dinâmica hidrossedimentar e eventos climáticos extremos na região. A dissertação faz parte do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Energia Sustentável do Brasil (ESBR), alinhada às orientações da ANEEL. O projeto de pesquisa "Espectrorradiometria para Monitoramento de Sedimentos em Reservatórios" (SPECTROSED), iniciado em 2020, conduziu campanhas de medição de parâmetros como concentração de material em suspensão, granulometria, mineralogia, vazão e radiometria na área a montante da Usina Hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira. O projeto desenvolveu estações experimentais automatizadas para o monitoramento contínuo de sedimentos, financiado pela Fundação Universidade de Brasília (FUB), Fundação de Apoio à Pesquisa (FUNAPE) e Instituto João Neórico (FARO).