Convivência contínua com esgotos a céu aberto: modos de subjetivação de habitantes de Parintins-Amazonas
Ano de defesa: | 2016 |
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Autor(a) principal: | |
Outros Autores: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Amazonas
Faculdade de Ciências Agrárias Brasil UFAM Programa de Pós-graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/5240 |
Resumo: | Em Parintins-AM, em função de sua precariedade no esgotamento sanitário, há um grande volume de águas servidas nas vias e que, posteriormente, são lançadas sem tratamento no entorno hídrico da cidade, situação que impacta negativamente na qualidade de vida de seus residentes. A aparente tolerância na convivência com o esgoto a céu aberto foi o ponto de partida deste estudo para analisar as subjetivações de moradores residentes em três bairros em cuja ruas havia ocorrência de esgoto a céu aberto. O estudo desenvolvido a partir da estratégia de multimétodos que incluiu um estudo documental da história da formação de hábitos urbanos, a descrição física do lugar e entrevistas semiestruturadas como outras técnicas associadas, revelou um cenário socioambiental complexo. No processo histórico, a medicina social como estratégia biopolítica foi importante para compreender a higienização da sociedade em nome da modernidade e a consequente influência na constituição dos modos de subjetivações dos sujeitos. A revolução olfativa do século XVIII contribui para entender os odores, que foram redefinidos com o tempo, e com eles seus limites de tolerância. Redefinidos no espaço e no tempo também foram os conceitos de sujo/limpo que permitiram problematizar como esses moradores lidam com o lançamento de águas servidas nas vias e o desejado distanciamento dado ao que se considera sujo, constituindo elementos de socialidade espacial. Os dados revelam que para muitos dos entrevistados lançar esgoto a céu aberto nas ruas é um costume local difícil de ser mudado, que ora pode ser percebido como problema e ora como algo parte de uma paisagem constituída pelos costumes locais, mas sobretudo, passivamente vivido pelo “outro”, cuja tolerância é justificada pela continuidade do estado lastimável dos esgotos a céu aberto. Anos de convivência com o esgoto a céu aberto produziu um fenômeno de aparente passividade e tolerância diante do problema do esgotamento sanitário doméstico. Essa aparente permissividade tende a potencializar o problema de insustentabilidade ambiental, em decorrência do contínuo lançamento de águas servidas sem qualquer tratamento, seja nas ruas ou nos rios que margeiam a cidade. Assume-se neste estudo, que apesar de estratégias que intentavam higienizar costumes entre os moradores de Parintins, desde o início do século XX, algumas posturas estimadas pelos preceitos da modernidade como anti-higiênicas persistem na atualidade, sobretudo o costume de lançar águas servidas nas vias. Tal comportamento nos permitiu considerar que se trata de um ato de soberania, auto-subjetivação destes moradores ante as investidas civilizatórias, resultando em uma modernidade incompleta. |