Roger Casement na Amazônia: exploração, violência e genocídio no interflúvio da tríplice fronteira
Ano de defesa: | 2022 |
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Autor(a) principal: | |
Outros Autores: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Amazonas
Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais Brasil UFAM Programa de Pós-graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/9444 |
Resumo: | O famigerado Cônsul Roger Casement havia sido esquecido pelo mundo contemporâneo por mais cem anos. Era uma figura famosa no início do século XX, antes da 1ª Guerra Mundial. Foi ele que denunciou os crimes do Rei Leopoldo da Bélgica no Congo e havia fundado, com seu amigo Edmund Morel, a Associação da Reforma do Congo, além de ter recebido títulos e honras da realeza britânica. No entanto, sabe-se muito pouco sobre a sua passagem na Amazônia de 1910 a 1912, período em que o boom do ciclo da borracha começou a desmoronar. Esta tese tem como propósito pesquisar essa travessia pela Amazônia, sobretudo no interflúvio Cara-paraná e Igara-paraná do Putumayo, na Tríplice Fronteira Brasil, Colômbia e Peru. Em 1909, chega à fronteira a raiz de um escândalo denunciado pelo jornal Truth, de Londres, cujo título era O Paraíso do Diabo. Tratava-se de um genocídio de indígenas do Putumayo e abusos contra súbditos barbadianos. A empresa inglesa Peruvian Amazon Rubber Company havia adquirido um imenso território entre os rios Putumayo (Içá) e Caquetá (Japurá), no qual explorava milhões de hectares de borracha às custas do trabalho escravo dos índios bora, ocainas, andoques, uitotos, muinanes e resígaros. Por isso, o cônsul Roger Casement, que despachava no Consulado Geral do Império Britânico no Rio de Janeiro, parte em viagem de comissão à Amazônia peruana a fim de investigar a firma inglesa e levantar um processo contra os abusos e crimes do pessoal da companhia. Elabora, então, um relatório de mais duzentas páginas nas quais descreve as atrocidades dos caucheiros (entenda-se caucheiros como os empregados brancos que chefiavam populações indígenas, auxiliados por barbadensis e jovens indígenas chamados de “os muchachos”, que andavam armados e obedeciam a ordens dos chefes das sedes da companhia). Para ter uma visão ampla desse espaço, pensamos em fazer uma pesquisa bibliográfica a partir de verificações e levantamentos de livros e artigos que tenham analisado nosso objeto de pesquisa, sejam estes publicados em meio físico ou digital, com o objetivo de reunir dados e informações sobre Roger Casement na Amazônia, sobre o território do Putumayo e os habitantes originários desses povos que nele habitam, bem como entender sobre suas lendas e mitos através dos pesquisadores Eugene Robuchon, Capitão Thomas Whiffen, Theodor Koch-Grünberg, Richard Schultes. A partir disso, compará-los com o relatório do Roger Casement e o modo como ele interpreta e descreve os indígenas a ponto de defendê-los na sociedade europeia. Saber seus registros entre linhas sobre o genocídio dos indígenas do Putumayo e que segredos ou estratégias esconde contra a empresa inglesa Peruvian Amazon Rubber Company. Por fim, queremos entender que estratégia usaria para denunciar o genocídio dos povos indígenas do interflúvio do Putumayo, sabendo que o corporativismo do capitalismo inglês nunca condenaria a companhia inglesa por esses crimes. Finalmente, descrever como essa experiência amazônica provoca uma atitude extrema na sua luta pela independência da Irlanda. Nossa tese usará o estilo de ensaio pela multiplicidade de experiências e conflitos que o cônsul Roger Casement viveu nessa travessia amazônica. |