Bahsé ahpose - os ritos de adocicamento das águas e dos peixes na prática do tinguijamento no alto Vaupés
Ano de defesa: | 2023 |
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Autor(a) principal: | |
Outros Autores: | , |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Amazonas
Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais Brasil UFAM Programa de Pós-graduação em Antropologia Social |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/9457 |
Resumo: | Nas paisagens etnográficas do Noroeste Amazônico Brasileiro se encontra o Rio Vaupés, na Terra Indígena do Alto Rio Negro, no Município de São Gabriel da Cachoeira. Nestas paisagens que os povos do Vaupés praticam o Bahsé Ahpose – Os ritos de adocicamento dos peixes na prática do tinguijamento. O conhecimento deste rito e sua prática é intercultural porque resulta do encontro de conhecimentos cosmológicos e cosmopolíticos na vida dos povos do Vaupés. Este rito se realiza pelos diálogos com Kumuã (Pajés), porque o adocicamento faz parte da fórmula presente na taxonomia de todas as “rezas” benéficas e está sempre presente nelas. Realizam-se o rito em três eventos: o ritual de preparação do tinguijamento; ritual de realização do tinguijamento; e o ritual de adocicamento pós-tinguijamento. Este último é o “benzimento” de reordenamento (bahsé ahponᵾkõsé) do igarapé tinguijado e a adocicação das águas e dos peixes, como forma de negociação com Wai Mahsã (seres cósmicos) porque envolve as suas moradas. Para os povos do vaupés “bahsé ahposé” é que evita a escassez dos peixes e ordena os locais ou lugares de subsistência (dehsubase ahposé). É um ritual envolto em relação cosmopolítica dos povos do Vaupés com os peixes e envolve os especialistas Kumu (Pajé), Yâi (Xamã) e Bayaró (mestre das cerimônias) que dialogam com os Ahko Mahsã (Gente Água) e o Wa’i Mahsã (Seres Cósmicos). Assim sendo, o conhecimento cosmológico e cosmopolítico sobre os Pamuri Mahsã (Gente da Transformação) e Wa’i Mahsã é imprescindível para falar do rito, da segurança alimentar e da perpetuação da vida. Assim, no argumento desta pesquisa etnográfica, o não cumprimento das regras e preceitos estabelecidos pelas divindades criadoras (demiurgos/ Avôs do Universo) e pelo não uso do rito de adocicamento “mumipa’se” (tornar a água em mel) é que tornam o tinguijamento em prática predatória. Portanto, o rito proporciona a ressurgência dos peixes e seus alimentos. É um diálogo que pretende contribuir com a antropologia indígena e não indígena na perspectiva de sustentabilidade na Amazônia indígena. Palavras-chave Cosmologias; Cosmopolíticas; Kumuã; Ritos; Peixes; Timbó |