Etnoecologia do Peixe-Boi da Amazônia (Trichechus inunguis) na província petrolífera de Urucu, Amazonas, Brasil
Ano de defesa: | 2008 |
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Autor(a) principal: | |
Outros Autores: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Amazonas
Faculdade de Ciências Agrárias Brasil UFAM Programa de Pós-graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/4340 |
Resumo: | O peixe-boi da Amazônia (Trichechus inunguis) é um mamífero aquático, pertencente à Ordem Sirenia e família Trichechidae. Habita os maiores tributários da bacia Amazônica, sendo a única espécie da ordem exclusivamente de águas doce. No passado a espécie sofreu com a intensa exploração comercial, principalmente entre as décadas de 1930 a 1950. Estimase que neste período tenha sido exterminado cerca de 200 mil animais. Atualmente a espécie encontra-se listada como espécie “vulnerável a extinção” pela IUCN. Na região do rio Urucu (município de Coari-AM), área característica de ocorrência e utilização da espécie, desenvolveu-se entre os anos de 2006 e 2007, uma pesquisa científica com os objetivos de caracterizar limnologicamente e estudar o conhecimento tradicional dos moradores nas áreas do rio Urucu e lagos Urucu, Aruã, Coari e Coari Grande. Para a caracterização limnológica realizou-se a coleta dos parâmetros físico-químicos: temperatura da água, profundidade, transparência, velocidade de correnteza, pH, condutividade elétrica e oxigênio dissolvido, com três réplicas para cada área, para cada época do ciclo hidrológico (vazante, seca, enchente e cheia). Os resultados mostraram-se compatíveis com de outros afluentes de água preta do rio Solimões. O rio Urucu, mesmo sendo caracterizado como rio de água preta, apresenta baixa transparência e a coloração que tende a água branca. A oferta de plantas aquáticas como alimento para o peixe-boi varia muito em função das diferenças nos níveis das águas entre as estações hidrológicas de cheia e seca. A seca e a vazante são os períodos com menor disponibilidade alimentar. Contudo observa-se o início da produção de grandes áreas de capinzal nos lagos da região que servirão de alimento para o peixe-boi por todo o período de enchente e cheia. O tráfego de embarcações na área de estudo apresentou maior intensidade nas áreas próximas do município de Coari e de influência das obras do gasoduto. Para obtenção de informações sobre o conhecimento tradicional dos moradores da área em relação ao peixe-boi, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com um total de 74 moradores pertencentes a 33 comunidades. Para uma melhor qualidade dos dados, estas entrevistas foram direcionadas aos moradores mais antigos, aos pescadores de peixe-boi e as lideranças das comunidades. Dos entrevistados, 14 moradores assumiram já ter pescado pelo menos um peixe-boi na área estudada. Entre os anos de 2004 a 2007 foram registrados um total de 17 animais abatidos. O arpão é o apetrecho utilizado para a pesca do peixe-boi, porém as malhadeiras apresentam risco de capturas acidentais, principalmente para os filhotes da espécie. Metade dos moradores locais acredita que a densidade de peixe-boi na área de estudo está sofrendo uma redução, principalmente pelo fato de ainda ocorrer casos de captura do peixe-boi. Segundo os moradores, o peixe-boi pode ser quase que totalmente aproveitado para o consumo, descartando-se somente os ossos e a parte mais dura do couro. O comércio da carne do peixe-boi, mesmo que proibido por lei, ainda ocorre na área. A respeito dos hábitos alimentares, os entrevistados mencionaram 29 espécies de plantas aquáticas e semi-aquáticas que são consumidas pelo peixe-boi. Os moradores entrevistados apresentaram amplo conhecimento a respeito da biologia, reprodução, hábitos alimentares e distribuição do peixeboi, Essas informações são consideradas importante ferramenta para trabalhos futuros de conservação da espécie. |