Composição florística e fenologia de quatro áreas de floresta de terra firme com diferentes históricos de alteração antrópica no município de Manaus

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Cardoso, Grace de Lourdes
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/6177732122438548
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas
Instituto de Ciências Biológicas
Brasil
UFAM
Programa de Pós-graduação em Diversidade Biológica
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/4585
Resumo: O fenômeno da urbanização, bem como as modificações ambientais a ele associadas, criam novas restrições e oportunidades para as plantas que permanecem em remanescentes florestais segregados pela matriz urbana. A fim de clarificar os efeitos resultantes deste processo, este estudo explorou o impacto da perturbação antropogênica sobre a florística e a fenologia de comunidades arbóreas na paisagem fragmentada da cidade de Manaus, AM. Quatro áreas foram selecionadas para levantamentos florísticos e monitoramento fenológicos: a Reserva Florestal Adolpho Ducke (RFAD), as florestas do Acariquara e do Coroado, situadas no Campus da Universidade Federal do Amazonas, e o fragmento florestal do Clube dos Trabalhadores do Serviço Social da Indústria (SESI). Estas áreas refletem um gradiente crescente de perturbação antrópica, no sentido RFAD  Acariquara  Coroado  SESI. Os levantamentos florísticos abrangeram parcelas de 10 x 250 m, incluindo plantas com DAP >= 5 cm, num total de um hectare para cada área de estudo. Os monitoramentos fenológicos abrangeram seis anos de observações sobre a ocorrência de diferentes fenofases (i.e. floração, frutificação, produção de folhas, perda de folhas) em cada planta incluinda no levantamento florístico. Dados climatológicos da cidade de Manaus incluindo precipitação acumulada, umidade relativa do ar e temperatura média foram obtidos em uma base mensal, e suas possíveis relações com o comportamento fenológico das comunidades foram investigadas através de modelos lineares generalizados (GLMs). Uma análise de gradiente direta revelou que a composição florística em nível de família varia fortemente entre as áreas. RFAD, Acariquara e Coroado possuem conjuntos taxonômicos progressivamente menos inclusivos, nesta ordem; SESI apresenta uma flora predominantemente distinta das demais áreas. Índices de dissimilaridade de Jaccard calculados entre cada par de locais corroboraram este mesmo resultado em nível de espécie. Além disto, o número de espécies declinou em função da maior antropização. Nas quatro áreas de estudo, o maior número de indivíduos em floração ocorreu no fim da estação seca e no início da estação chuvosa, e o maior número de indivíduos com frutos, durante a estação chuvosa. Todas as áreas apresentaram picos de emissão de folhas e de perda de folhas na estação seca. As três variáveis ambientais tratadas neste estudo explicaram, independentemente, porções relativamente pequenas da variação no número de indivíduos em cada uma das fenofases. Em geral, a correspondência fenológica entre as séries de observações fenológicas tendeu a ser maior no caso das fenofases vegetativas, enquanto que entre as fenofases reprodutivas, a correspondência variou amplamente. Foram detectadas associações tanto negativas quanto positivas entre precipitação acumulada e o número de árvores florindo, emitindo e perdendo folhas, enquanto que apenas relações positivas foram observadas com número de árvores frutificando. A temperatura média teve efeitos geralmente positivos sobre a expressão das fenofases. Já a umidade relativa do ar apresentou efeitos tanto positivos quanto negativos sobre o número de árvores com folhas, flores e frutos, e positivo sobre o número de árvores perdendo folhas. Além disto, a frutificação foi principalmente determinada pela floração em meses anteriores nas quatro áreas de estudo. Em geral, estes resultados discrepantes estão de acordo com sugestões anteriores de que os mecanismos adaptativos de árvores tropicais deveriam se refletir em fracas associações da fenologia com o clima. Fatores como as constituições genética e fisiológica das plantas, a demografia das populações nas comunidades e interações ecológicas a como polinização podem tomar parte na variação fenológica não explicada pelos modelos. Sugere-se que, em estudos futuros, tente-se integrar as contribuições relativas de fatores tanto abióticos quanto bióticos na regulação da fenologia de comunidades arbóreas. A compreensão da fenologia vegetal em ambientes tropicais sob antropização crescente é fundamental para a conservação e manejo racional das funções ecológicas de remanescentes florestais urbanos.