A festa do Çairé e a resistência indígena: uma experiência ancestral dos Borari em Alter do Chão, Santarém, Pará

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Dias, João Aluízio Piranha
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/5838034966877970
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas
Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais
Brasil
UFAM
Programa de Pós-graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/7382
Resumo: Este estudo se ocupa de uma análise sobre a existência de elementos do xamanismo indígena, manifestados por meio de práticas rituais, crenças e mitos que se entrelaçam com os elementos do cristianismo na festa do Çairé, em Alter do Chão, no Pará, como forma de resistência aos ditames da Igreja e à moral da sociedade moderna. Concentra-se na intenção de identificar os elementos artísticos e culturais presentes na manifestação dessa festa, por meio de ritos, danças, musicalidade, comidas, ladainhas, fé e devoção que atravessam por todos os símbolos que compõem essa festa popular de cariz religioso/profano, remetendo para uma poiesis da religiosidade popular. O Çairé é uma festa secular introduzida na Amazônia pelos padres jesuítas que diante das dificuldades no trabalho de evangelização dos indígenas, inventaram e/ou adaptaram um instrumento com cipós, fitas, espelhos, biscoitos como forma de seduzir os nativos mesclando elementos da cultura europeia como os preceitos do cristianismo com elementos da cultura indígena como a dança e os instrumentos musicais, além, claro do movimento lúdico característico dos indígenas. Esta pesquisa assume uma perspectiva interdisciplinar de diálogo com a Antropologia, Filosofia, Arte, História e Religião, colocando em evidência as relações de gênero com destaque para a histórica dominação masculina e o protagonismo feminino. O protagonismo é tomado nesta tese como fragmento conceptual, a partir de práticas sociais de direção e liderança exercidas por mulheres no âmbito dos festejos do Çairé. O trabalho de campo foi realizado sob o aporte das abordagens qualitativas, tendo por inspiração metodológica a etnografia aliada aos princípios da história oral. Os resultados revelam que o propósito de negação do paganismo indígena por parte do projeto colonizador português, apresentando Deus, a cruz e a salvação eterna através da simbologia da Santíssima Trindade, encontrou resistência dos indígenas dentro da festa do Çairé. A resistência aparece por dentro da manifestação do Çairé de forma politeísta, reunindo elementos do paganismo indígena, sobretudo de sua mitologia. O dado central daquilo que estamos denominando de paganismo é a figura do pajé ou curandeiro juntamente com o tarubá, bebida sagrada, central nos rituais religiosos indígenas.