Aspectos da biologia reprodutiva e descriÁ„o do girino de Adenomera aff. simonstuarti (Anura: Leptodactylidae) de florestas de areia branca na AmazÙnia Central, Brasil

• Ano de defesa: 2023
• Autor(a) principal: Santos, Cianir Mendonça dos
• Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/5818705300351406, https://orcid.org/0000-0001-7028-9768
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal do Amazonas; Instituto de Ciências Biológicas; Brasil; UFAM; Programa de Pós-graduação em Zoologia
• Palavras-chave em Português: Anuros - Comportamento; Reprodução animal; Anfíbios - Reprodução; CIENCIAS BIOLOGICAS; Comportamento; Morfologia; Ninho de espuma; Territorialidade; Vocalização
• Link de acesso: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/9778

O conhecimento da biologia reprodutiva dos anuros pode auxiliar na compreensão de padrões ecológicos e evolutivos, bem como na descrição de novas espécies. Além disso, pode ser fundamental por apoiar ações de conservação, uma vez que os anuros são os vertebrados mais ameaçados globalmente. Leptodactylidae é uma das famílias de anuros neotropicais com a biologia reprodutiva mais diversa e bem documentada. Dentre seus membros, Adenomera é o único gênero com espécies apresentando girinos endotróficos, o que o torna um interessante sistema de estudo na área de biologia reprodutiva. No presente estudo, descrevemos aspectos da biologia reprodutiva e da morfologia externa de girinos de Adenomera aff. simonstuartiuma espécie sendo formalmente descrita, de Matas ciliares de areia branca na Amazônia central. Uma grade de transectos de 800 m2 foi implantada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro (Iranduba, Amazonas, Brasil) para aquisição de dados sobre aspectos reprodutivos da espécie-alvo. O pico da atividade reprodutiva de A. aff. simonstuarti ocorre na estação chuvosa, mas os eventos reprodutivos também ocorrem na estação seca. Os machos são vocalmente ativos, principalmente ao entardecer e ao amanhecer, mas também vocalizam esporadicamente ao longo do dia. Os machos também são territoriais e responsáveis pela construção das câmaras subterrâneas utilizadas para a oviposição. As fêmeas são guiadas para as câmaras pelos machos, enquanto os machos emitem chamados de corte ao longo do percurso. O canto de corte é semelhante em estrutura ao canto de anúncio, enquanto o canto territorial apresenta maior complexidade estrutural. O amplexo ocorre dentro da câmara previamente escavada, que é redonda ou elíptica, com 25–32 mm de diâmetro por 18–22 mm de profundidade. O ninho de espuma é constituído por uma espuma viscosa e densa, onde são depositados 5–7 ovos de cor creme-amarelado. As evidências sugerem que a espuma onde os ovos são postos é produzida em conjunto pelo casal. Os girinos têm dorso escuro e grande quantidade de vitelo no ventre. A morfologia dos girinos é semelhante à de outras espécies de Adenomera, exceto pela presença de um espiráculo, que é incomum em girinos endotróficos desse gênero. O desenvolvimento larval é completado 16 dias após a oviposição. O comprimento médio do corpo dos metamorfos, logo após deixarem o ninho é de aproximadamente 6,12 mm e seu peso é de 0,0285 g. A biologia reprodutiva de Adenomera aff. simonstuarti descrita aqui se assemelha ao de outros congêneres. No entanto, a presença de um espiráculo em seus girinos endotróficos pode representar uma adaptação evolutiva ao habitat ocupado pela espécie, que sofre inundações frequentes durante a estação chuvosa. Essa estrutura morfológica está comumente presente em girinos exotróficos que completam seu desenvolvimento livremente na água, mas não em girinos endotróficos.