Discurso surdo: uma reversibilidade de efeitos de sentido entre o poder surdo e a resistência ouvinte
Ano de defesa: | 2020 |
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Autor(a) principal: | |
Outros Autores: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Amazonas
Faculdade de Letras Brasil UFAM Programa de Pós-graduação em Letras |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/8066 |
Resumo: | Este trabalho teve como objetivo geral mostrar as mudanças epistêmicas que reconfiguraram o discurso surdo em relação ao ouvinte, ocasionando numa reversibilidade de efeitos de sentido entre o poder surdo e a resistência ouvinte. Como objetivos específicos, buscou-se empreender à exposição de elementos da construção histórica sobre o povo surdo, compreender teoricamente onde se situa o sujeito surdo entre lugar, memória e identidade e analisar como as relações e os mecanismos de poder utilizados pelos surdos contribuíram para o surgimento do surdismo persecutório. Utilizamos para a construção do dispositivo teórico os postulados da Análise de Discurso de linha francesa, especificamente sobre a ótica do método arqueogenealógico de Foucault (1976, 1987; 2001; 2004; 2006; 2008), identidade (BAUMAN, 1998; 2001; 2003; HALL, 2006; BHABHA, 1998), memória (POLLAK, 1992; NORA, 1993; RICOEUR, 2007), legitimidade (AMOSSY, 2005; MAINGUENEAU, 1993; 2006; 2008a; 2008b; 2018) e por fim o conceito de surdismo persecutório (SOUZA; GUTFREIND, 2007). Os procedimentos metodológicos adotados foram de natureza qualitativa, numa abordagem netnográfica (BRAGA, 2006). A compreensão produzida pela análise do discurso surdo, permitiu comprovar que o surdismo persecutório é uma ação exercida por sujeitos surdos que ao rememorar os acontecimentos do passado, passam a oprimir e hostilizar os ouvintes da comunidade surda, culpando-os por todos os seus problemas. Ao mesmo tempo, por considerarem equivocadamente que são “os donos da língua”, os surdos deslegitimam os ouvintes quanto a exercerem a função de professores de Libras. Entretanto, o surdismo persecutório presente no discurso surdo analisado, evidencia e redefine o conceito como uma prática exercida exclusivamente contra os ouvintes usuários da Libras, fazendo da língua de sinais o seu objeto de poder. Portanto, o dispositivo teórico e analítico permitiu-nos concluir que as condições históricas que levaram o discurso surdo ao nascimento de novos mecanismos de poder desenvolveu-se a partir do reconhecimento linguístico da Libras, comprovando assim que a língua é um lugar de poder, lutas e disputas, cuja tática de poder presente no discurso surdo se revela pelo desejo de oprimir e perseguir os ouvintes que pertencem a comunidade surda, ocasionando numa reversibilidade de efeitos de sentido entre o poder surdo e a resistência ouvinte, está última manifestada por meio de discursos que ecoam da comunidade surda e que defendem o direito de ensinarem Libras, independente da condição ouvinte. |