Cadê O índio que vivia aqui? Os Puri, a ocupação dos sertões de Campo Alegre da Paraíba Nova e o processo de invisibilidade indígena (Séculos XVIII e XIX)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Oliveira, Enio Sebastião Cardoso de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em História
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17653
Resumo: Este trabalho pesquisa a etnia indígena Puri, índios pertencentes ao tronco linguístico macro-jê, que no século XVIII, viviam nas regiões interioranas, que naquele momento eram consideradas áreas “sertanejas” onde atualmente situa-se o Estado do Rio de Janeiro. Nesses espaços de sertões, havia uma extensa região que nos séculos XVIII e XIX, era conhecida como Campo Alegre da Paraíba Nova. Com os avanços das fronteiras coloniais em direção a essa região que ainda compunha o chamado “sertões dos índios brabos”, os Puri passaram a sofrer o impacto de um violento e avassalador processo de ocupação, ocasionando vários atritos entre os Puri e luso-brasileiro na região, que levou a um grande confronto que teve como consequência a morte de vários índios Puri e a formação do Aldeamento de São Luiz Beltrão. Naquele momento se estabelecia a tentativa de se extinguir os Puri na região, que resistiam tanto dentro do Aldeamento e seu difícil cotidiano com os diversos atores ali envolvidos, como também os índios que não aceitaram a redução, e viviam “soltos” na região, e por isso considerados índios “brabos”, inimigos dos luso-brasileiros. Nas diversas tentativas de levar os Puri à extinção, estes vistos como obstáculo nas pretensões da Coroa Portuguesa/Brasileira aos interesses locais, em Campo Alegre, os Luso-brasileiros se valiam de ações que iam desde a contaminação dos índios com a chamada febre da bexiga (varíola), a brutais confrontos que levavam à morte vários índios, até a estratégia de invisibilidade indígena nos documentos oficiais, invisibilidade que levaria as autoridades provinciais a decretarem sua extinção, mesmo esses Puri sendo ainda reconhecidos como índios pela população local, diante do quadro de transformações significativas que ocorrera na antiga região de Campo Alegre da Paraíba Nova do começo do século XVIII ao final do século XIX. Essa pesquisa, além de fazer uma reflexão sobre a situação dos índios Puri frente ao processo de ocupação da vasta região de Campo Alegre da Paraíba Nova, pretende também demonstrar que, a tentativa de invisibilidade indígena que levou a sua extinção oficial não obteve êxito. Devido ao fato de a população local, após esse decreto oficial, continuar reconhecendo a existência dos Puri na antiga Campo Alegre (Município de Resende) e hoje, a 150 anos da tal extinção, existirem pessoas que se reconhecem como índios ou tenham um descendente relacionado a uma “indianidade” e pertencimento Puri.