Envelhecer entre quatro paredes: uma experiência no Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2003
Autor(a) principal: Santa Rosa, Ana Lucia Cardozo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/19555
Resumo: A presente dissertação trata-se de uma pesquisa qualitativa de abordagem etnográfica, realizada no Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira, cujo objetivo é conhecer o impacto do processo de envelhecimento em pacientes internados em uma instituição psiquiátrica de longa permanência, promovendo a discussão acerca do conceito de velhice e das implicações da carreira asilar. De modo a atingi-lo, dezesseis indivíduos de idade igual ou superior a sessenta anos e acometidos por transtornos mentais foram selecionados de acordo com a capacidade de estabelecer interação e comunicação com a pesquisadora. As histórias de vida dos idosos constituíram a principal fonte de informação a ser obtida. Os dados foram coletados mediante observação participante e entrevistas abertas, semi-estruturadas, contando com análise de prontuários sempre que necessário. As entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas no período de outubro de 2002 a fevereiro de 2003, tendo sido distribuídas em categorias para facilitar a compreensão. A análise dos resultados mostrou que os idosos têm grande dificuldade em reconhecer a própria velhice. No entanto, identificam com facilidade o envelhecimento do outro. Em sua opinião, a velhice está situada no corpo, relacionada a noções vagas de idade cronológica e aspectos externos. Manifestam, analogamente, a mesma percepção com relação à instituição, onde as mudanças mais sentidas por eles estão no plano físico, a despeito das importantes modificações ocorridas em seu dia-a-dia, não aparentando ter ciência de fatos históricos, aspectos políticos e administrativos e nem há quanto tempo encontram-se internados, configurando um lapso do tempo. A perda da capacidade de se orientar no tempo é conseqüência do processo de desculturação pelo qual passam os indivíduos ao entrarem em uma instituição total. Para eles, o tempo seria um dado natural, não contido em relógios e calendários. Em seus relatos, passado e presente se misturam sem maiores constrangimentos, tornando suas vidas um eterno presente. De modo geral, sentem-se satisfeitos com a instituição e têm, como principal expectativa, a de lá permanecer pelo resto de suas vidas.