A semiótica da fé: Manuel da Nóbrega e a conversão do signo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Pereira, José Delfim dos Santos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/23434
Resumo: Este trabalho tem por objetivo analisar a significação que Manuel da Nóbrega atribuiu aos indígenas que encontrou no Novo Mundo e os ecos que esta ocasionaria através do tempo, deixando marcas profundas na mentalidade e na literatura brasileira. Tal significação atribuiria aos povos originários uma imagem conveniente à missão, para tanto, partiria de uma interpretação dos “sinais” encontrados na terra e em seus habitantes a partir de uma perspectiva baseada na cosmovisão cristã europeia. Esta interpretação seria radicada na escrita epistolar jesuítica, modelada pelos princípios da Ars Dictaminis e pelas normativas da Ordem que incentivavam a escrita constante de cartas que deveriam produzir edificação aos leitores, alimentar a rede de informações da Companhia e reafirmar a comunhão mística da Ordem. Desta maneira, Nóbrega, ao entrar em contato com os nativos, quando poderia notar os contornos próprios daquelas sociedades, notou em vez disso ignorância, brutalidade, carência de fé, de letras e mesmo de poder. Constataria o padre que todas essas deficiências atestavam para uma falta maior, a carência de Deus, e seria desta falta que se originariam todas as demais, tanto que notaria juntamente com seus companheiros que aqueles povos davam sinais de inclinação à conversão. Portanto, possuíam aqueles povos um grande vazio de crença e ali estavam os padres a fim de preenchê-lo com a “verdadeira” fé. Igualmente analisaremos o modo como Nóbrega tem que reconverter seu olhar sobre os indígenas à medida que suas fórmulas originais de pregação e tutoria “pacíficas” fracassam e o padre apela de maneira crescente ao alinhamento em relação à violência do colonizador. Nossa análise compreende igualmente uma travessia no tempo a fim de perceber, na obra de José de Alencar, os ecos da significação que Nóbrega e seus companheiros produziram em relação aos indígenas. Portanto, analisaremos a presença na literatura indianista alencariana dos reflexos da perpetuação daqueles estereótipos que reduziam os indígenas de maneira conveniente ao missionário, ávido por sujeitar as almas por meio da catequese, e ao conquistador europeu, ávido por consolidar seu domínio por meio da violência. Tais estereótipos reduziriam a cultura e a agência dos povos originários que, longe de serem apenas elementos de um folclore distante, nunca deixaram de existir e resistir