Caracterização de corinebactérias isoladas de infecções urinárias e investigação de mecanismos de virulência de Corynebacterium mycetoides

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Sant'anna, Lincoln de Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Ciências Médicas
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/8644
Resumo: Corynebacterium têm sido cada vez mais relacionadas a casos de infecções invasivas, incluindo em indivíduos imunocomprometidos. No entanto, este grupo de micro-organismos permanece frequentemente identificado erroneamente e/ou descartado como contaminantes, principalmente devido às novas espécies. Além disso, os limitados ensaios baseados em culturas e métodos de identificação tipicamente utilizados em laboratórios de microbiologia contribui para este problema. A Infecção do trato urinário (ITU) é considerada a segunda infecção bacteriana mais comum. Uma ampla gama de fatores pode aumentar a susceptibilidade a ITU, incluindo idade, sexo e insuficiência renal. No presente estudo foram descritos aspectos microbiológicos e epidemiológicos de 69 cepas de Corynebacterium spp. previamente isoladas a partir de urinoculturas de pacientes com ITU atendidos em um hospital universitário brasileiro. Além disso, pela primeira vez, verificou-se o potencial patogênico para o trato urinário humano de Corynebacterium mycetoides. As estirpes foram identificadas pelos métodos fenotípicos convencionais. A susceptibilidade bacteriana a 14 agentes antimicrobianos foi verificada pelo método de difusão em disco. Os resultados indicaram que os casos de ITU relacionados com corinebactérias foram mais observados entre pacientes ambulatoriais (82,61%) atendidos nas unidades de transplante renal (50,72%) e urologia (23,19%). Os microrganismos foram mais observados no sexo feminino (71,04%) e na faixa etária entre 41-60 anos (55,07%). Corynebacterium spp., correspondente a > 103 UFC/ml, foram isolados a partir de culturas monomicrobiana (41%) e polimicrobiana (60%), sendo os estafilococos coagulase-negativo (23,53% deles, cepas multirresistentes - MDR) com maior frequência (41,46 %). A identificação fenotípica convencional identificou o complexo C. xerosis/striatum/amycolatum/minutissimum na maioria (n=40; 57,97%) das infecções, além de C. propinquum (n=02), C. afermentans (n=08), C. jeikeium (n=01), C. coyleae (n=01), C. glucuronolyticum (n=01), C. urealyticum (n=01), CDC Grupo G (n=01) e Corynebacterium spp. (n=14). A maior parte dos isolados foram identificados como MDR. Devido à variabilidade de perfis fenotípicos, uma parte dos isolados não foi possível de serem identificados ao nível de espécie, exigindo técnicas mais sofisticadas. A cepa 2450 isolada de uma paciente previamente submetida a transplante renal, com morfologia colonial atípica (não-hemolítica, brilhante e colônias amareladas), foi inicialmente identificada como Corynebacterium sp.. A cepa também foi analisada pelos sistemas API Coryne, RapID CB e BBL Cristal, além da espectrometria de massa e ensaios de genotipagem. O MALDI-TOF e o sequenciamento dos genes 16S rRNA e rpoβ foram os únicos eficazes na identificação, identificando a cepa como C. mycetoides. O potencial de virulência de C. mycetoides foi demonstrado pela expressão do perfil MDR, a formação de biofilmes em superfícies de cateteres e os efeitos de citotoxicidade em Caenorhabditis elegans. C. mycetoides também foi capaz de aderir e sobreviver dentro de células epiteliais de rim (Vero). Concluindo, as corinebactérias, incluindo C. mycetoides devem ser incluída entre os uropatógenos. Os recentes avanços tecnológicos facilitam a identificação de novos agentes etiológicos. A necessidade de dados precisos e atualizados é evidente, particularmente à luz das preocupações em relação à resistência antimicrobiana.