“Mas essa criança não tem perfil de abrigo!”: problematizações sobre raça, gênero e pobreza no acolhimento institucional de crianças e adolescentes
Ano de defesa: | 2019 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/16568 |
Resumo: | O presente trabalho apresenta como tema o acolhimento institucional de crianças e adolescentes através da problematização em relação aos marcadores sociais de desigualdade, raça, gênero e pobreza. O campo de pesquisa se constituiu a partir da atuação em uma Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da capital fluminense. O cotidiano de trabalho trouxe questões que levaram à pesquisa, tais como: por que as famílias que têm filhos acolhidos em instituições são em sua maioria negras, pobres e com a mulher como única figura responsável? Quais as lógicas de poder que fazem ter sempre o mesmo público como alvo de questionamentos, intervenções e vigilâncias em relação ao cuidado com os filhos? Para tal discussão foram utilizados conceitos tais como biopoder e biopolítica, de Michel Foucault; necropolítica, de Achille Mbembe; autoras que discutem o racismo e o sexismo no Brasil, tais como: Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro, Luiza Bairros, Beatriz Nascimento; autoras que contribuem com uma leitura amefricana: Angela Davis e Kimberlé Crenshaw. Carla Akotirene com a problematização sobre a perspectiva interseccional. Autores afrodescendentes com escritos sobre o racismo no Brasil, como: Kabengele Munanga, Clóvis Moura e Silvio Almeida. Assim como a discussão sobre racismo e branquitude por Lia Vainer Schucman. A literatura através do diálogo com as obras de Carolina Maria de Jesus e Conceição Evaristo é outra referência muito cara a esta pesquisa. A pesquisa teve como aporte metodológico a análise institucional, com o referencial de Rene Lourau e a análise de implicações. Tal referência possibilitou eleger analisadores que levaram a compreensão e à restituição de discussões estruturantes do campo dos direitos da infância e adolescência no Brasil. Durante a construção da dissertação, foi possível entender que há um processo histórico que leva determinadas famílias às condições de precariedade e de questionamento em relação ao cuidado com os filhos. Entender que as relações raciais estabelecidas são determinantes para definir uma diferenciação entre as infâncias no país é fundamental. Tais análises são importantes para profissionais que integram a rede de garantia de direitos de crianças e adolescentes, pois um olhar atento à estrutura social faz com que as avaliações sejam mais cuidadosas e menos individualizantes. Com ações que possibilitam intervenções não punitivistas ou moralizantes. Quando os profissionais individualizam determinadas situações atendidas, apenas perpetuam uma política de atendimento a esse público que segue mantendo famílias e populações na precariedade, longe de oportunidades que possam estabelecer uma outra relação social e familiar. |