Destinos da menina na travessia do complexo de Édipo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Correa, Claudete Justino
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Psicologia
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Psicanálise
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17051
Resumo: Esta pesquisa aborda os destinos da menina na travessia do complexo de Édipo. A palavra destino, dentre seus significados, comporta o de sucessão inevitável de acontecimentos. Sendo assim, não é sem recolher consequências que a menina atravessa o complexo de Édipo. De acordo com essa perspectiva, a pesquisa caminhou pela abordagem de algumas consequências e destinos observados e pontuados nos textos sobre o Édipo escritos por Freud e Lacan. São elas: a inveja do pênis, a constituição do Supereu, a relação menina-mãe, a feminilidade e as posições feminina e masculina. Pretendemos abordar o percurso de Freud nessas elaborações, discorrendo, neste percurso, sobre o lugar da menina nas elaborações iniciais do Édipo até sua produção final. Para tanto, iniciamos com os trabalhos inaugurais de Freud e Breuer em os Estudos sobre a Histeria (1893-1895/2016), discutindo como foi esse primeiro contato de Freud com a mulher e tratando como Freud considerou o lugar paterno primordial na vida da menina. A partir do estudo de Totem e Tabu (FREUD, 1912-1914/2013), avançamos sobre o lugar do pai na Psicanálise. Com esse texto, foi possível Freud pensar em uma Consciência Moral para os sujeitos considerada antecessora do Supereu. Ainda nas discussões desse texto, levantamos a questão sobre o lugar da mulher no banquete e o destino da mulher com relação à lei e ao Supereu a partir da morte do pai da horda. A elaboração edípica de Freud, a partir de 1923, foi pensada segundo o lugar fálico-castrado. É pela angústia da castração que o menino abandona o Édipo a partir de sua referência fálica ao pai. Restará, para a menina, um abandono de sua relação pré-edipica com a mãe para tornar possível a substituição da erotização genital, clitóris-vagina, para, então, ela voltar-se para o pai, e assim desejar dele um filho, como uma forma de referência fálica, tal como o menino. Nessas construções, Freud apontou esse único caminho para a feminilidade. Como a menina não sofre com a ameaça da castração, ela tem o caminho da inveja do pênis como uma referência fálica e a consequência de um Supereu que não atinge sua autonomia. Com as construções de Lacan nos três tempos do Édipo, os lugares serão colocados como mãe-pai-criança e falo. Será através da posição de “ser” ou “ter” o falo nesta relação da criança com a mãe que o Édipo findará. O pai surgirá como aquele que intervém na relação criança-mãe. A criança, ao se identificar com aquele que tem o falo, o pai, sairá do Édipo. Nessa contrução, a menina pode ter o destino de sair sem uma identificação feminina, pois a menina recebe do pai uma identificação viril, que a estrutura como sujeito, porém este não pode fornecer uma identificação especificamente feminina. Lacan nos dá a possibilidade de pensar em um Supereu materno, permanecendo a proposta de pesquisar a construção desse Supereu na criança. Por fim, em 1972-1973, Lacan avançou em seus estudos sobre a sexualidade feminina e partiu da proposta de uma função para mais além do Édipo, a fim de pensar a sexualidade feminina. A mulher será não toda referida à função fálica e terá um gozo suplementar, o gozo feminino. Concluímos que o destino da menina na travessia do Édipo é descrito sob ruínas e perdas. Por isso, talvez, seja importante pesquisar outros esboços de pensamentos para falar da feminilidade, um caminho para além do efeito conceitual sobre o feminino e sobre o gozo feminino.