Barreiras na busca pelo rastreio de lesões precursoras do câncer do colo uterino: um estudo sobre as relações da violência íntima em usuárias da Saúde da Família

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Rafael, Ricardo de Mattos Russo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro Biomédico::Faculdade de Ciências Médicas
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/8621
Resumo: As mudanças no perfil de morbimortalidade da população feminina levaram as neoplasias malignas a ocupar as primeiras posições nas causas de morte deste grupo. Dentre estes cânceres, destaca-se a neoplasia do colo do útero devido às altas chances de cura frente à possibilidade de detecção precoce. Apesar disso, algumas mulheres mesmo com acesso facilitado ao exame não o realizam com a regularidade desejada. Sentimentos negativos em relação a estas práticas podem estar relacionados a questões mais amplas de gênero, dentre elas a violência íntima. As vítimas de violência nem sempre conseguem receber o apoio de sua rede social e ter acesso a determinados serviços de saúde. Sob esta perspectiva, o estudo tem como objetivo central avaliar as influências da violência íntima na busca pelos serviços de rastreio das lesões precursoras do câncer do colo uterino em mulheres usuárias da ESF. Para alcançar os objetivos propostos, optou-se por realizar um estudo do tipo caso-controle com uma amostra de 640 mulheres usuárias da ESF do município de Nova Iguaçu. A população-fonte do estudo compreendeu o conjunto de mulheres com idade entre 25 e 64 anos residentes na área de cobertura da ESF. Foram considerados casos as participantes que não realizaram a colpocitologia nos três anos anteriores a pesquisa. Já os controles, foram as mulheres que realizaram o exame, amostrando-se na proporção 3:1. O instrumento de coleta contemplou dimensões distais (características sócio-demográficas), intermediárias (hábitos de vida, violência íntima, uso abusivo de álcool, crenças em saúde e antecedentes gineco-obstétricos) e o desfecho propriamente dito (não realização do exame), a partir do que foi proposto em um Modelo Teórico-Conceitual. O plano de análise foi balizado, primeiramente, por análises descritivas, visando desvelar e reconhecer a realidade da amostra estudada. A partir disso, foram calculados os respectivos Odds Ratio (OR) bruto e ajustado. Foram calculados os respectivos Intervalos de Confiança de 95%, o Teste Chi-quadrado e o Teste de Razão de Verossimilhança no modelo multivariado. As prevalências de violência perpetradas contra as mulheres foi de 21.0% (IC95%:17.9/24.3) para a forma física, 90,7% (IC95%:88,5/93,0) para a forma psicológica e de 39,1% (IC955:36,0/43,6) nos casos de abuso sexual em toda a amostra. No que tange as características sociodemográficas, a idade parece contribuir diretamente como barreira de realização dos exames (p-valor 0,009), atingindo o seu máximo na faixa etária superior a 60 anos (OR=3,2; IC95%:1,5/7,0). Por outro lado, a escolaridade apresentou-se como fator protetor (OR=0,5; IC95%: 0,4/0,8). Verificou-se, após aplicação do modelo de ajuste, a associação entre a não realização do exame com as formas de violência física menor/grave e sexual menor. De toda forma, recomenda-se a realização de outros estudos com método similar a este para que se avalie a presença desta associação em outros cenários e populações, conforme recomendado pelos critérios de causalidade.