Entre a má-fé e a autenticidade na ontologia fenomenológica de Jean-Paul Sartre: esboços para uma clínica normativa?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Dhein, Carolina Freire de Araújo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Psicologia
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/16913
Resumo: A presente tese traz como objetivo primordial investigar, por meio da ontologia fenomenológica de Jean-Paul Sartre, a articulação das noções de má-fé e autenticidade, presentes no pensamento deste filósofo, em suas implicações no modo de apropriação da clínica psicológica. Com isso, pretendemos nos deslocar de uma perspectiva determinante e normativa de compreensão da existência humana. Procuramos mostrar, em primeiro lugar, como os encaminhamentos presentes na psicologia clínica, hegemonicamente, se mostram como normativos e prescritivos a partir de posicionamentos prévios tomados como ideias acerca da subjetividade humana. Desse modo, balizamentos como normal/patológico, certo/errado, bem/mal ou ainda autêntico/inautêntico assumem posições tomadas a priori e norteiam os direcionamentos clínicos. Tal problemática se desdobra na tentativa de investigar se essa normatividade também pode se apresentar nas perspectivas clínicas de base fenomenológico-existenciais, preeminentemente caracterizadas pela tentativa de deslocar-se de tais encaminhamentos. A ontologia fenomenológica de Sartre, desenvolvida sobretudo em O ser e o nada, se apresenta como fundamento para a psicologia clínica que procura resgatar uma compreensão da existência humana para além de parâmetros técnico-cientificistas e/ou de constructos teóricos, e aproximar-se do caráter concreto, sensível e a-teórico da mesma. Por outro lado, a conjugação das noções de má-fé e autenticidade, tal como apropriada pelos manejos clínicos, pode se apresentar como normativa, se assumida como dicotômicas a partir de um posicionamento tomado como ideal a ser conquistado. Desse modo, vemos por um lado a fértil contribuição do pensamento de Sartre para a construção de uma clínica como preservação do caráter sensível da existência, mas por outro o apelo à cautela em não recair na mesma posição normativa da qual buscamos nos afastar. Para tanto, propomos ao fim deste estudo que a compreensão da existência humana, tal como tomada por Sartre, como fluxo temporal sustentada pela negatividade, contribua para resguardar uma a articulação entre má-fé e autenticidade em seu caráter tensional, sem que recaiamos na pretensão do alcance prescritivo da conquista da autenticidade. A clínica psicológica de base sartriana pode se caracterizar, portanto, pela sustentação desse caráter tensional da existência, que condenada à liberdade, se vê constantemente com a tarefa de seu existir.