Movimentos sociais e descentramento das identidades coletivas no Brasil contemporâneo: da pluralização às identidades ciber-orientadas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Pereira, Natasha Bachini
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Instituto de Estudos Sociais e Políticos
Brasil
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Sociologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/17438
Resumo: Esta tese analisa as reconfigurações das identidades coletivas no Brasil contemporâneo observando o seu progressivo descentramento em concomitância às tendências observadas no ativismo mundial. Argumenta-se que vivemos um descolamento entre as identidades organizacional e coletiva, e que este fenômeno, nos últimos anos, está associado fundamentalmente a outros dois: à difusão do enquadramento anti-institucional e à apropriação política das mídias sociais. Para fundamentar essa hipótese, inicialmente dialogase com as principais teorias e estudos sobre a dimensão simbólica da ação coletiva e dos movimentos sociais. Na sequência, analisa-se a partir de um olhar sócio-histórico a presença dos principais elementos observados por estes estudos – a pluralização das identidades, a transnacionalização das solidariedades e o ciberativismo - na reconfiguração das identidades coletivas no Brasil, e destaca-se outros peculiares ao contexto brasileiro, como a identidade cívico-participacionalista, tendo como recorte temporal o ciclo de redemocratização no país, iniciado na década de 1970 e finalizado no decênio de 2010, período-foco desse estudo. A análise da ação coletiva no Brasil sobre esse último intervalo teve como ponto de partida as Jornadas de Junho, fenômeno que marca esse processo de reconfiguração das identidades, e foi orientada empiricamente pela combinação das seguintes técnicas de pesquisa: a análise conjuntural, a análise de publicações da imprensa, a análise de redes, a análise de discurso e entrevistas semiestruturadas com militantes que participaram dos mais importantes protestos observados no período no Rio de Janeiro e em São Paulo. Os resultados mostram que os dois processos organizadores da reconfiguração das identidades coletivas no Brasil, a ação conectiva e a difusão do enquadramento anti-institucional, tiveram como primeiro ponto de convergência as Jornadas de Junho, quando se observa a emergência e a força das identidades ciber-orientadas no país. Este novo tipo de identidade coletiva conforma-se a partir da apropriação política das mídias sociais e de uma concepção de ação coletiva que rejeita as formas hierárquicas dos movimentos sociais e instituições políticas tradicionais em geral. Observados primeiramente entre as organizações da esquerda libertária, esses elementos provocaram um transbordamento societário, incorporando pessoas à ação coletiva sem experiência militante, e foram reapropriados posteriormente por grupos de direita, que souberam catalisar o sentimento de indignação generalizado, convertendo-o em uma identidade antipetista, a partir da qual mobilizaram os protestos pró-impeachment, se consolidaram no cenário político e venceram as eleições de 2018, data na qual o ciclo democrático-popular chega ao seu fim.