Acolhimento, redes sociais e produção do cuidado na Atenção Básica

• Ano de defesa: 2019
• Autor(a) principal: Silva, Tarciso Feijó da
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Centro Biomédico::Faculdade de Enfermagem; BR; UERJ; Programa de Pós-Graduação em Enfermagem
• Palavras-chave em Português: Reception; Primary Health Care; Care production; Social networks; Acolhimento; Atenção Básica em Saúde; Produção do cuidado; Redes sociais; CNPQ::CIENCIAS DA SAUDE::ENFERMAGEM
• Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/11115

Este estudo tem por objeto o acolhimento, redes sociais e produção do cuidado na Atenção Básica em Saúde (ABS) . Objetivo: Analisar o acolhimento na perspectiva da produção do cuidado em uma unidade de Atenção Básica em Saúde do Município do Rio de Janeiro. Metodologia: Estudo descritivo, com abordagem qualitativa e quantitativa, delineado pela observação sistemática dos aspectos estruturais, relacionais e prescritivos do campo, e análise a partir do acolhimento das relações dos atores em uma perspectiva de produção do cuidado. Os dados foram analisados mediante Análise de Redes Sociais (ARS), com a utilização dos softwares Ucinet e Netdraw, que permitiram a construção do sociograma e a geração das medidas de centralidade dos atores, sendo discutidos à luz da teoria de Pierre Bourdieu. Resultados: O olhar sobre a ABS permitiu ressignificá-la como um campo, sendo possível observar que ela é conformada por regras que a orientam e dão sentido à sua existência. Observou-se, para além das normativas que ditam como o campo deve funcionar e como os atores devem agir, formas distintas de perceber e utilizar o acolhimento, em que esse não emergiu através da observação sistemática como estratégia de vigilância em saúde para produção do cuidado. A ARS permitiu compreender como as relações entre os atores se conformam através do acolhimento. A posição de proximidade dos profissionais médicos e enfermeiros dos demais profissionais registra maior prestígio e autoridade dessas profissões em relação às outras profissões do campo. Os técnicos de enfermagem, pela responsabilidade que detêm no que concerne às atividades de cunho técnico e pelo papel de relevo no acolhimento, já que todas as demandas são direcionadas para eles, aparecem na rede em destaque. Quanto às métricas exportadas, a de densidade foi baixa, o que indica que nem todos os atores estão em contato direto uns com os outros, trocando informação ou qualquer tipo de recurso, tornando a rede pouco coesa. Por sua vez, todos os atores com maior grau de centralidade, proximidade e intermediação são de nível superior, com exceção dos técnicos de enfermagem. O retrato da relação dos atores a partir do acolhimento reitera os achados da observação sistemática, elucidando uma lógica de produção do cuidado, cujo foco é o atendimento pontual e a resolução de problemas. Conclusão: Os resultados obtidos pela observação sistemática e ARS mostraram-se confluentes. O fato de o acolhimento pelo observado e pelo retratado no sociograma configurar-se como regulador do acesso e dispositivo de apoio para classificação de risco e atendimento à demanda espontânea implica repensar normativas, processos e o agir dos atores no campo. Esse último revela-se na postura, na atitude e na tomada de decisão dos atores, que, permeados pelo habitus e com os diferentes capitais que possuem, poderiam tornar o acolhimento uma potente estratégia de vigilância em saúde para produção do cuidado.