“Mais família, menos Estado”: o agenciamento das questões de gênero e sexualidade pela extrema direita brasileira
Ano de defesa: | 2023 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Ciências Sociais::Faculdade de Serviço Social Brasil UERJ Programa de Pós-Graduação em Serviço Social |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/21986 |
Resumo: | Este estudo se propôs a construir chaves interpretativas sobre as ordens de gênero e sexualidade difundidas na pauta política da extrema direita brasileira no decorrer dos anos de 2010 a 2020, através da análise audiovisual da Plataforma Brasil Paralelo. Ao percorrer as frentes ideológicas das tendências neofascistas em curso, evidenciamos o protagonismo do “dispositivo da ideologia de gênero” articulado com o espectro do anticomunismo, bem como a centralidade da família heteronormativa como instituição elementar na arquitetura neoconservadora e neoliberal da extrema direita. Para tanto, buscou identificar a reatualização das dinâmicas de opressão, exploração, dominação sedimentadas na trajetória sócio histórica brasileira acionadas na defesa da pátria, da moral e da família pela ofensiva neoconservadora; entender a articulação da neoliberalização da economia e as pautas moralizantes de gênero e sexualidade no repertório ideológico e político da extrema direita, sobretudo na Plataforma Brasil Paralelo; e refletir sobre a centralidade ideológica da família nas narrativas produzidas pela extrema direita brasileira, através da BP. No intuito de apreender as tramas políticas, econômicas e ideológicas, à luz do direcionamento dialético crítico, da abordagem qualitativa e da análise de conteúdo, analisamos doze produções audiovisuais eleitas pela intersecção com o debate de gênero, raça/etnia, sexualidade, família, nova direita, extrema direita e formação social brasileira. Surfando no ambiente digital, as séries documentais da Plataforma Brasil Paralelo exercem uma função crucial na construção de narrativas, na criação de imagens e estereótipos, na sedução e legitimação de comportamentos, na definição de formas de pertencimento social, na formação de opiniões e na disseminação de valores e ideologias. Com essa investigação teórica-metodológica, constatamos que a extrema direita disputa uma certa intelectualidade, fomentando um corpo editorial para fundamentar suas defesas políticas, através da disputa de sentido daquilo que se pretende destruir. Os direitos humanos, em especial, aparecem como campo de tensões e conflitos, na medida que é um termo apropriado pela extrema direita brasileira, que disputa, esvazia e enviesa o seu significado sócio histórico. Nas suas produções, reatualizam a figura do herói da nação brasileira, negam a história e consequentemente as políticas de reparação, sobretudo para as mulheres, negros, indígenas e LGBTI+. Para finalizar, entendemos que a ofensiva neoconservadora e a alavancada à extrema direita registrada em outras partes do mundo adquirem particularidades da nossa formação sócio histórica que prefiguram uma nação colonial e heteronormativa, de base escravocrata e de capitalismo periférico e dependente. A visibilidade e a capilaridade persecutória das questões de gênero e sexualidade na atual quadra histórica relacionam-se com o espraiamento dos movimentos da extrema direita no Brasil, através da militância em torno da falaciosa “ideologia de gênero” e da promoção estreita da “família” integrando uma política de governo que se pretende política de estado. |