Resistência e protagonismo negro no espaço rural brasileiro: um debate sobre a formação dos territórios de quilombo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Silveira, Aline da Fonseca Sá e
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Tecnologia e Ciências::Instituto de Geografia
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Geografia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/13219
Resumo: As pesquisas referentes aos territórios de quilombo no Brasil foram realizadas, em sua grande maioria, sob a perspectiva da Geografia Agrária, mais especificamente no período Social que se iniciou em meados da década de 1970, a partir do fortalecimento do método materialista histórico dialético na Ciência Geográfica motivando os estudos referentes aos trabalhadores e a população rural, assim como das comunidades quilombolas. Sua concepção, contudo, foi delineada pelos pressupostos de uma abordagem marxista que, ao considerá-los campesinos, nivelaram seus diferentes aspectos de luta e invisibilizaram o processo de desumanização e subalternização da população negra, consequente do período mercantil-escravagista e do projeto de branqueamento populacional, respectivamente. Neste sentido, a presente pesquisa objetivou protagonizar a população negra nos estudos relativos aos territórios de quilombo, num contraponto referente àqueles realizados pela Geografia Agrária Brasileira que, em diferentes momentos, mostrou-se aparentemente influenciada por características eugenistas, eurocêntricas e categorizantes. Para tanto, esta tese foi estruturada com base no método dialético, de contestação de ideias, na qual as pesquisas realizadas pela Geografia Agrária Tradicional e Social foram contrapostas aos objetivos desta pesquisa protagonizar o agente negro na formação dos territórios de quilombo evidenciando sua matriz africana e os aspectos políticos do Reino do Ndongo, na África Central, após a colonização portuguesa, que possibilitaram o estabelecimento do mercado de escravos, a constituição de kilombos e a essencialidade do que viria a ser os territórios de quilombo no Brasil. O resultado da confrontação entre o arcabouço teórico produzido pela Geografia Agrária nos estudos referentes aos quilombos rurais (a tese) e a proposta de leitura desses territórios, sob uma perspectiva histórica e cultural evidenciando a população negra como agenciadora de seus processos de resistência (a antítese), possibilitou reconhecer os territórios de quilombo, a partir do exemplo de Palmares, como a reterritorialização dos escravos rebeldes requerentes de sua condição humana e de protagonista de suas próprias vidas, bem como sua ativa participação na compra e venda de gêneros alimentícios, artigos manufaturados e informações (a síntese). Dessa maneira, considera-se que a compreensão de tais territórios deve se descolar de análises homogeneizantes e que negligenciam o contexto histórico do negro no Brasil e se aproximar de aspectos culturais, político e econômicos inerentes à população negra quilombola constituída historicamente sob a lógica de resistência e luta contra dispositivos de controle brancohegemônicos que, ainda hoje, invisibilizam o legado histórico da civilização negra