O pedinte, o experiente e o grandiloqüente: ethé discursivos de presidentes da América do Sul

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Avalle, Augusta Porto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades::Instituto de Letras
BR
UERJ
Programa de Pós-Graduação em Letras
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.bdtd.uerj.br/handle/1/6771
Resumo: No ano de 2006, ocorrem as reeleições de Hugo Chávez na Venezuela, Lula no Brasil e a eleição de Evo Morales na Bolívia. Esses três atores sociais passam a chamar a atenção da mídia e de analistas políticos internacionais não apenas pelo potencial energético (petróleo e gás) que une os respectivos países em trocas comerciais cada vez mais crescentes, como também na personalidade carismática, polêmica e simbólica dos presidentes, todos com índices exacerbados de empatia e antipatia. Essa espécie de coincidência temporal da emergência de presidentes com um perfil que se vincula a uma proposta popular ou populista chama a atenção para o modo como se atualiza a memória discursiva esquerdista em seus discursos, além dos ethé relacionados aos presidentes. Nosso objetivo é por meio de pistas lingüísticas (modalidade e pessoa), detectar traços de subjetividade e heterogeneidade que configurem imagens discursivas e memórias discursivas relacionadas a uma tradição esquerdista no continente. Parte-se de um problema maior, o de compreensão do panorama político atual, tendo em vista as inúmeras polêmicas relacionadas aos três presidentes, para nossa questão de investigação: em manifestação do discurso político, no gênero pronunciamento de posse, qual a construção discursiva de ethé presidenciais perpassados de vozes de um Eu e de Outros? O que os afasta e o que os aproxima? Utiliza-se o corpo teórico da Análise do Discurso enunciativa e os conceitos propostos por Maingueneau (2004 e 2005) e Amossy (2005): ethos, prática discursiva e memória discursiva; de Bakhtin (2006), gênero discursivo; de Authier-Revuz (1998), heterogeneidade discursiva. Como categorias analíticas, Cervoni (1989), modalidade e Benveniste (1995), marcas de pessoa. O recorte do corpus foi determinado pelas estabilidades discursivas encontradas no gênero pronunciamento de posse, a análise, partindo dessas estabilidades, organizou-se em blocos relativos a: autobiografia, agradecimentos, promessas e revisão histórica. Em cada bloco, foram observados os traços marcantes dos ethé presidenciais. Os resultados indicam traços de ethos semelhantes nos discursos de Chávez e Morales, ainda que de tipos diferentes e por meio de marcas lingüísticas diferenciadas. Configura-se um mosaico de referências possíveis a uma esquerda bolivariana por meio das imagens e interdiscursos. Lula também apresenta imagens que remetem a um líder do povo, no entanto não apresenta tantas evidências de heterogeneidade marcada como nos demais, mobilizando não tanto a memória discursiva da esquerda como os outros, o que configura uma imagem de confiança e segurança e maior independência intelectual em relação aos demais